A movimentação de senadores aliados para impulsionar um projeto alternativo para a isenção do Imposto de Renda no Senado pode servir como pressão para destravar as discussões sobre o tema na Câmara. Essa é a visão de fontes no Congresso e no Palácio do Planalto, segundo as quais o governo não pretende neste momento encampar a proposta e segue apostando no texto acordado com o deputado Arthur Lira (PP-AL), relator do PL 1087/2025 na Câmara.
O projeto de Lira está travado há semanas, e a morosidade só aumentou com o avanço das pressões pela anistia de Jair Bolsonaro, por parte sobretudo do PL e da federação União-Progressistas. As articulações pelo PL 1952/19 partem do presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), presidente do colegiado, e do autor do projeto, senador Eduardo Braga (MDB-AM).
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Aliado histórico de Lula e rival de Lira no Estado, Calheiros viu no PL de Braga uma chance de acossar seu adversário ao mesmo tempo em que pressiona pelo avanço da matéria na Câmara, na interpretação do Planalto. Embora não tome a dianteira nas articulações, o governo vê positivamente o movimento do senador alagoano. A pauta é vista como determinante para aumentar as chances de reeleição de Lula em 2026.
Próximos capítulos
Como o JOTA PRO adiantou, na última sexta-feira (12/9), o PL 1952/2019 será incluído na pauta da CAE da próxima terça-feira (16/9). E Calheiros deve designar a si mesmo como relator. O projeto também amplia a isenção do IR e foi visto como uma forma inteligente de fazer um contraponto à matéria que está parada na Câmara. O movimento surgiu através de uma reunião entre os dois emedebistas nesta semana.
A isenção do IR é a prioridade legislativa do governo. Mas o Planalto espera que na próxima semana o Congresso viva uma espécie de “ressaca” do julgamento de Jair Bolsonaro, com a pauta da anistia ao ex-presidente dominando as discussões e o noticiário.
O governo se mobilizará para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a não colocar o requerimento de urgência desse projeto em votação. Passado esse momento, e em caso de sucesso, a gestão Lula voltará suas forças para a aprovação do IR, preferencialmente na versão acordada com Lira.