Ex-assessor nega monitoramento e diz que objetivo era aproximar Moraes de Bolsonaro

O ex-assessor de Jair Bolsonaro Marcelo Câmara afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (24/7), que não monitorou o ministro Alexandre de Moraes, como acusa a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele disse que as informações sobre a localização do magistrado enviadas ao delator Mauro Cid tinham como objetivo uma aproximação entre Bolsonaro e Moraes para “evitar uma série de problemas que hoje existem”. Câmara é um dos réus da ação penal sobre a tentativa de golpe de estado no Brasil em 2022 (AP 2693).

No Supremo, Câmara disse que passava as informações que Cid pedia e não havia um monitoramento do ministro Alexandre. O ex-assessor também disse que, na época, não imaginava como as informações repassadas poderiam estar sendo usadas e que até se sentiu “usado”.

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“Naquele período, a gente estava numa situação que trabalhava junto. Eu não sabia de operação, não sabia de nada, a gente não tinha desconfiança. Diferente da agora que a gente começa a observar uma série de coisas e começa a observar que talvez o que foi falado como informação pode ter sido usado de uma forma diferente daquela que eu queria. Eu não queria aquilo ali, a minha intenção foi fazer para o senhor”, disse.

A denúncia apresentada pela PGR afirma que houve a intensificação do monitoramento do ministro Alexandre de Moraes em dezembro de 2022 com troca de mensagens sobre a localização e rota do magistrado entre aliados de Bolsonaro. Ainda segundo a PGR, esse monitoramento de Moraes tinha com objetivo de concretizar o Plano Punhal Verde e Amarelo – que consistia em “neutralizar” o magistrado e se cogitava o uso de armas. O presidente e o vice eleitos – Luiz Inácio Lula e Geraldo Alckmin – também seriam alvos do mesmo plano.

A procuradora Gabriela Starling perguntou à Câmara porque citavam necessariamente a rota de Moraes no dia 12 de dezembro, data da diplomação do presidente eleito, Lula, e ele respondeu que estavam acompanhando a rota de autoridades de uma forma geral. Essas mensagens haviam sido apagadas do celular de Cid, mas foram recuperadas depois.

Em outra conversa, no dia 15 de dezembro de 2022, Cid e Câmara também trocaram mensagens sobre os deslocamentos de Moraes. “Viajou para São Paulo hoje, retorna na manhã de segunda-feira e viaja novamente pra SP no mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo”, diz uma das mensagens que constam na denúncia da PGR,

“Citamos o ministro Alexandre de Moraes naquela rota. Havia uma intenção de aproximar o ministro do presidente, né? Mas havia uma preocupação também de não criar nenhum constrangimento, nem mesmo com o presidente, nem mesmo com o ministro Alexandre. Então, é comum a gente informar as autoridades que vão instalar”, justificou Câmara no STF.

Ainda segundo Câmara, essa aproximação de Bolsonaro com Moraes contaria com pessoas “pontes” como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o ex-presidente Michel Temer. Em depoimento no STF no dia 16 de julho, Nogueira, ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, confirmou o encontro entre o ex-presidente e Moraes no fim de 2022.

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