Genial/Quaest: Aprovação de Lula reage, mas rejeição segue à frente no fim de 2025

A pesquisa Genial/Quaest sobre a avaliação do governo Lula indica recuperação marginal em relação a novembro, retomando a trajetória gradual de melhora observada ao longo dos últimos meses, mas ainda insuficiente para reverter o quadro geral de desaprovação. A aprovação do presidente avançou um ponto percentual, para 48%, enquanto a desaprovação recuou na mesma intensidade, para 49%, mantendo o governo em empate técnico, com viés negativo.

Os números da avaliação do governo reforçam o quadro de desgaste. No confronto entre avaliações expressamente positivas e negativas, o saldo segue desfavorável: 38% classificam o governo como ruim ou péssimo, enquanto 34% o avaliam como ótimo ou bom; outros 25% consideram a gestão regular.

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O contingente elevado de avaliações “regulares” indica a existência de uma zona potencial de persuasão, mas os dados mostram que o presidente Lula ainda não consegue converter esse grupo em aprovação líquida, mantendo o governo em um patamar de apoio limitado e vulnerável a novos episódios de desgaste.

O levantamento foi realizado entre os dias 11 e 14 de dezembro, com 2.004 entrevistas presenciais em todo o país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Polarização segue estruturando a aprovação

Os dados reforçam que a polarização segue sendo o principal eixo organizador da avaliação do governo. Entre eleitores alinhados ao lulismo, a aprovação permanece muito elevada, acima de 80%, enquanto entre bolsonaristas a rejeição é praticamente total, próxima de 90%, o que reduz o espaço para ganhos marginais nesses dois polos.

Nesse contexto, os independentes continuam sendo o grupo decisivo – e o principal limite à recuperação. Nesse segmento, a desaprovação permanece majoritária e a aprovação se mantém em torno de quatro em cada dez, sinalizando que a melhora recente não foi suficiente para alterar de forma significativa a percepção desse eleitorado. Sem avanço mais claro entre os independentes, a tendência é de estabilização da aprovação em um patamar apertado, altamente sensível a choques econômicos e políticos.

Perfil socioeconômico da aprovação permanece estável

A aprovação do governo é significativamente mais elevada entre os estratos de menor renda, especialmente entre eleitores com até dois salários mínimos, menor escolaridade e beneficiários do Bolsa Família, que continuam a formar o núcleo mais fiel de apoio ao presidente.

Em contraste, entre eleitores de renda mais alta, ensino superior e não beneficiários de programas sociais, a desaprovação permanece dominante. Esse descolamento reforça a leitura de um governo com base social concentrada e dificuldade de ampliar sua coalizão de apoio, sobretudo junto às classes médias, que seguem mais resistentes à melhora recente dos indicadores de avaliação.

Religião e gênero

Os recortes de religião e gênero seguem exibindo assimetrias relevantes na avaliação do governo. Entre católicos, a aprovação do presidente é ligeiramente majoritária, funcionando como um dos pilares de sustentação do apoio. Já entre evangélicos, a desaprovação ultrapassa 60%, consolidando esse segmento como um dos principais focos de resistência ao governo e um limite estrutural à ampliação da aprovação.

No recorte de gênero, mulheres avaliam o governo de forma um pouco mais favorável do que os homens, mas a diferença é insuficiente para produzir uma vantagem líquida capaz de alterar o quadro geral de equilíbrio apertado observado na avaliação do presidente.

Economia continua sendo o principal vetor

A economia permanece como o principal vetor da avaliação do governo, operando de forma ambígua sobre a popularidade do presidente. Áreas como emprego, educação e políticas sociais contribuem para conter a erosão da aprovação e sustentam parte da recuperação recente.

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Em sentido oposto, a avaliação negativa da economia em sentido amplo, da segurança pública e do combate à corrupção segue exercendo forte pressão sobre a desaprovação. Esse desequilíbrio limita uma virada mais consistente no humor do eleitorado e mantém o governo preso a um patamar de apoio instável, altamente sensível a deteriorações no cenário econômico e político.

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