Open energy: como a governança alavanca esse movimento?

Como podemos construir um futuro energético que seja inovador, seguro, descentralizado e confiável? Essa é a questão central que o open energy busca responder.

Com uma promessa de criar um ecossistema mais dinâmico e colaborativo, este movimento está sendo amplamente debatido globalmente, promovendo uma maior transparência e empoderamento do consumidor quanto ao compartilhamento de seus dados às empresas deste setor, visando o aprimoramento dessa rede. É justamente aqui que a governança ganha poder, sendo a peça-chave para viabilizar este sistema mais seguro, justo e eficiente para todos.

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Este conceito surgiu como uma evolução natural da digitalização do mercado e da necessidade de modernização do setor de energia, enxergando a necessidade destas organizações se tornarem mais ágeis, eficientes, flexíveis e, sobretudo, transparentes quanto a forma que gerenciam os dados de consumo dos consumidores.

Dessa forma, assim como o open finance, na área financeira, o open energy reconhece que essas informações são valiosas e pertencem aos clientes, os quais devem ter o poder de compartilhá-los para obter melhores serviços e tarifas, seguindo as diretrizes de leis de proteção de dados, como a LGPD no Brasil.

Com sua autorização, a empresa de energia pode acessar o histórico de consumo para oferecer a melhor proposta de instalação, ou uma plataforma de gerenciamento elétrico capaz de sugerir horários mais adequados para ligar eletrodomésticos, a fim de economizar na conta de luz – aprimorando essas redes de distribuição e as tornando mais inteligentes e eficientes.

Isso, sem falar no enorme fomento ao surgimento de novos negócios voltados, especificamente, a garantir essa transparência na gestão de dados, segurança, conformidade e eficiência em sua transformação para insights que gerem valor para as empresas e a própria população. Incluindo, ainda, a busca por novas fontes energéticas que assegurem essa eficácia e sustentabilidade ecológica.

Hoje, o Reino Unido é considerado referência mundial nesse movimento. Desde 2020, a organização Icebreaker One lidera um programa nesse sentido, o qual criou uma infraestrutura de compartilhamento seguro de dados energéticos que permite aos consumidores, reguladores e empresas a acessarem dados padronizados sobre consumo, geração renovável, redes e emissões, acelerando a descarbonização e integrando dados de renováveis, mobilidade elétrica e eficiência energética.

Mas, e no Brasil, como estamos? O conceito só começou a ser mais amplamente discutido em 2024. No começo deste ano, a Aneel publicou uma Nota Técnica que trata da Resolução Normativa sobre open energy em conjunto com o Manual de Instruções com detalhamentos sobre o tema. Essa regulamentação trouxe as normas e infraestrutura necessária para dar prosseguimento a esse movimento nacionalmente – na expectativa de que, até 2030, tenhamos a integração setorial completa.

Mais recentemente, o tema também foi destaque no Rio Innovation Week, um dos maiores eventos de tecnologia e inovação da América Latina que contou com um painel específico sobre este assunto, abordando essas perspectivas nacionais e sua relevância diante de um mercado cada vez mais consciente sobre a importância em garantir a preservação ambiental através de fontes energéticas sustentáveis e renováveis.

Não há dúvidas quanto aos benefícios que esse movimento pode trazer para a sociedade global, afinal, nossas fontes energéticas não são infinitas e, sem o devido gerenciamento desses recursos, poderemos nos deparar, em breve, com uma escassez preocupante que impactará, drasticamente, toda a economia mundial. E, a melhor forma de tornar essa rede cada vez mais inteligente, conectada e rentável, é através de uma governança robusta por trás deste processo.

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Ela é o pilar fundamental que garante que ele não se torne um ambiente caótico e inseguro, mas sim um ecossistema organizado e benéfico para todos, estabelecendo as normas técnicas para as APIs que garantam que os dados sejam transmitidos de forma criptografada e protegida contra acessos indevidos. Isso, além de determinar quem pode acessar esses dados e sob quais condições, seguindo padrões técnicos que favoreçam essa análise.

Todas as regras e decisões de governança são transparentes e públicas, permitindo que a comunidade e os participantes acompanhem o desenvolvimento do sistema e contribuam para sua evolução – o que pode ser favorecido através do apoio de normas internacionais de gestão como a ISO 27001, norma internacional que estabelece requisitos para a gestão da segurança da informação; e a ISO de Inovação, a qual orienta as empresas nas melhores estratégias e caminhos a serem seguidos nesse sentido.

A promessa do open energy de um futuro mais transparente e eficiente para a energia é real. Contudo, só será atingida com a implementação de uma governança robusta e bem elaborada que se preocupe não apenas em coletar esses dados, mas em tratá-los com estratégia e mantendo sua segurança, se traduzindo em um sistema energético mais robusto, competitivo e inovador.

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