A CPMI do INSS abriu caminhos que indiretamente podem aproximar a mira de Frei Chico, irmão do presidente Lula. No entanto, os desdobramentos devem ser contidos, uma vez que o JOTA apurou que há um acordo para “salvar” Frei Chico em troca do governo não convocar o atual senador Rogério Marinho (PL-RN), que foi secretário especial da Previdência Social e Trabalho no governo Jair Bolsonaro.
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Foi aprovado um requerimento que busca informações sobre pessoas ou empresas que atuavam em nome do Sindnapi entre 2015 e 2025, entidade em que Frei Chico está desde 2008 e ocupa o cargo de vice-presidente desde 2023. O avanço do recurso, porém, já estava azeitado pelo fato da instituição fazer parte das investigações.
A futura convocação de Frei Chico é considerada improvável, mas não há como negar que essa CPMI pode fragilizar o governo. Não à toa, alguns governistas estão fazendo plantão no colegiado, até mesmo para evitar uma reviravolta como a que elegeu o nome da oposição para a presidência.
Empréstimo consignado
Apesar de ter sido negociado que uma segunda fase da reunião seria focada nos empréstimos consignados “fictícios”, entre os 54 requerimentos aprovados em bloco, está um que solicita que a DPU envie dados sobre a correlação entre os descontos irregulares e a contratação de empréstimos consignados. Essa luz foi acesa no primeiro depoimento feito por Patrícia Bettin Chaves, coordenadora da Câmara de Coordenação e Revisão Previdenciária da DPU.
O relator, deputado Alfredo Gaspar, afirmou ao JOTA que a CPMI irá convocar e investigar instituições financeiras. Além disso, ele reforçou que ao investigar os descontos associativos, os empréstimos consignados irregulares acabam sendo “puxados” junto.
Omissão do INSS
Durante depoimento desta quinta-feira (4/9), Eliane Viegas Mota, diretora de auditoria de Previdência e Benefícios da CGU, confirmou a existência de omissão do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Segundo ela, foram realizadas “inúmeras comunicações” ao órgão desde julho de 2024, mas os descontos irregulares continuaram até 2025.
O perfil técnico da depoente evitou maiores constrangimentos e manteve o clima das últimas reuniões com a guerra de narrativas, mas sem grandes desdobramentos.
Próximos passos
Na próxima segunda-feira (8/9), a comissão deve ouvir o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que saiu do governo Lula após o início do escândalo. A oitiva é considerada uma das mais polêmicas e precisará de atenção redobrada dos governistas.
A expectativa é que Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, seja ouvido no dia 15/9. Já o depoimento do empresário Maurício Camisotti deve ficar para o dia 18/9. Ambos na condição de convocados.
Colaborou na apuração a analista Naira Trindade.