Flávio Bolsonaro tenta ganhar terreno, mas Centrão insiste em Tarcísio

O movimento de radicalização de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, em meio ao tarifaço de Donald Trump, elevou a rejeição ao deputado federal e mexeu com as prévias eleitorais no clã Bolsonaro para cacifar o candidato que herdará o potencial político do pai, Jair Bolsonaro.

Se de um lado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se autodenominou candidato à Presidência à revelia do pai, por outro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também já se posiciona em campo na expectativa de ser alçado como uma opção mais centrada e menos radical que o irmão mais novo.

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Apesar de os dois parlamentares tentarem se cacifar para trilhar o caminho do pai rumo à Presidência, aliados da família Bolsonaro apontam que nenhum deles conseguiu ainda o aval do ex-presidente. Até agora, Bolsonaro mantém a estratégia adotada por Lula em 2018 de não abdicar da disputa, mesmo com a possibilidade de prisão no radar, e se preparar para registrar a candidatura em agosto de 2026.

Em meio às movimentações políticas na família, que tem ainda Michelle Bolsonaro (que, apesar dos bons números em pesquisas, tem como cenário prioritário no clã o lançamento ao Senado pelo Distrito Federal) e Carlos (que busca disputar o Senado por Santa Catarina), o Centrão persevera na intenção de fortalecer o governador Tarcísio de Freitas para o páreo.

Centrão insiste em Tarcísio

Nem mesmo as brigas públicas de Eduardo com Tarcísio desanimaram a cúpula de partidos como PP, União Brasil e PL. Principais dirigentes dessas legendas seguem convictos de que o governador ainda é a “opção imbatível” contra Lula em 2026, embora também cogitem alternativas como os governadores do Paraná, Ratinho Jr (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).

Há setores do Centrão que enxergam novos sinais do ex-presidente favoráveis à possibilidade de ele ungir Tarcísio. Porém, setores do bolsonarismo seguem contrários à tese, com a visão de que o governador segue tentando se alinhar com o ex-presidente pessoalmente sem partir para o confronto com o STF, algo considerado essencial para o bolsonarismo.

Aliados de Flávio Bolsonaro ponderam, ainda, que Tarcísio derrapou ao não fazer gestos à ala mais radical, como fez o governador Cláudio Castro tentando costurar uma secretaria estadual a Eduardo. Mesmo tornando-se uma opção inviável — já que Eduardo precisaria vir ao Brasil para tomar posse no cargo estadual —, a iniciativa do governador do Rio foi valorizada por Bolsonaro.

No Planalto, outra questão que tem sido colocada sobre as disputas na direita é que Tarcísio estaria se enfraquecendo politicamente ao não adotar uma posição mais firme nos temas em pauta para tentar equilibrar pratos. Nesse sentido, a leitura no entorno de Lula é que a situação hoje, especialmente com o tarifaço de Trump, demandaria do governador paulista uma postura diferente, deixando claras suas posições.

Imunidade parlamentar

Contra Eduardo e Flávio Bolsonaro, segundo avaliam integrantes do Centrão, pesam o temor de Bolsonaro de que os filhos percam a imunidade parlamentar. A aliados, Bolsonaro tem dito que deseja que todos os familiares tenham mandato a partir de 2027. Os dois são alvos de investigações no STF.

Na avaliação de integrantes do Centrão, se o grupo tivesse de escolher entre os dois filhos de Bolsonaro, Flávio teria vantagem frente a Eduardo pelo perfil mais político e de mais diálogo. Já Eduardo tem recebido críticas por ter saído do Brasil sem sequer avisar ao PL e ao ex-presidente.

Sem sinais

Apesar da pressão no Centrão para que Bolsonaro antecipe o apoio a uma candidatura à Presidência, nenhum desses dirigentes aposta em uma sinalização pública do ex-presidente antes de dezembro. A expectativa é que Bolsonaro estique a corda até lá, sem nenhum gesto favorável a seu eventual candidato. Vale lembrar que neste meio tempo, PP e União Brasil pretendem fazer um grande evento de oficialização da federação, quando devem se tornar o maior partido com representação na Câmara, com 109 deputados e 14 senadores. Maiores até que o PL de Bolsonaro, os dois partidos querem pressionar por uma candidatura única da direita.

Os movimentos recentes de Alexandre de Moraes acabaram colocando maior pressão política no ex-presidente, ao tornar ainda mais elevadas as chances de ele ser preso. O cenário base do JOTA é que isso aconteça após a condenação e os embargos, com alta chance de ocorrer ainda neste ano, mais provavelmente em dezembro.

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