Com repetitivos e reafirmações, TST acelera transformação para virar corte de precedentes

Em 24 de fevereiro, o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho (TST) reuniu-se em sessão virtual para analisar 14 propostas de Incidente de Recurso de Revista Repetitivo (IRR), instrumento processual criado para identificar temas recorrentes em recursos que chegam à Corte e que permite que eles sejam julgados de forma concentrada. A tese fixada passa a ser aplicada, de forma obrigatória, para casos idênticos em todo o país. 

Ao final da pauta, não só todos os 14 temas foram afetados como repetitivos, mas o tribunal foi além: fixou 21 teses jurídicas, por unanimidade, por meio do procedimento de reafirmação de jurisprudência, que permite o julgamento direto do mérito quando a matéria já estiver pacificada nas Turmas do TST, o que dispensa as etapas tradicionais de instrução e deliberação ampliada. 

Baixe gratuitamente o relatório especial sobre os julgamentos de repetitivos e reafirmações de jurisprudência no TST. Assinantes JOTA PRO tiveram acesso ao material há mais de um mês

Apenas no primeiro semestre, o TST fixou 109 novas teses vinculantes e afetou 73 novos Incidentes de Recursos Repetitivos (IRRs). O número de temas afetados por saltou de 24, em fevereiro de 2024, para 154 em maio deste ano. Além disso, desde o início do ano, foram 68 reafirmações de jurisprudência que já têm consenso entre as oito turmas do TST. “Todos esses temas foram discutidos nas Turmas centenas de vezes. São ‘ultra-pacificados’. O Pleno apenas dá força vinculante ao que já é consenso”, diz Cesar Zucatti Pritsch, juiz auxiliar da Presidência do TST. 

Além de serem ferramentas para lidar com o contingente massivo de casos, repetitivos e reafirmações também podem ser úteis para garantir uniformidade e segurança jurídica. “Antes a gente tinha jurisprudência pacificada, mas nada disso vinculava e os recursos continuavam existindo”, diz Armando Rocha, advogado do Marcelo Tostes Advogados. “Você tinha o mesmo caso sendo discutido 10, 20 vezes e nenhuma segurança de que seria resolvido do mesmo jeito”.

A multiplicação de temas afetados como repetitivos e o uso acelerado da reafirmação de jurisprudência também marcam uma virada institucional no TST. Na prática, a instituição é utilizada como corte recursal, revisando casos um a um. Com os mecanismos, o TST pode passar a operar de forma mais semelhante a uma corte de precedentes, voltada à uniformização da jurisprudência em larga escala, uma aproximação das cortes supremas do sistema anglo-saxão.

A reação ao modo como essa transição está acontecendo, no entanto, não é unânime.

Baixe gratuitamente o relatório especial sobre os julgamentos de repetitivos e reafirmações de jurisprudência no TST. Assinantes JOTA PRO tiveram acesso ao material há mais de um mês

Generated by Feedzy