Planalto e Flávio comemoram pesquisa Quaest; grupo de Tarcísio e Centrão lamentam

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira (16/12) trouxe boas notícias para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ao reforçar um cenário de recuperação da popularidade do presidente ao mesmo tempo em que demonstra claramente, em números, o potencial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de transferir votos para o filho — a despeito da preferência do Centrão e do mercado financeiro pela candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à Presidência da República.

Não por acaso, foi no Palácio do Planalto e no gabinete do senador fluminense em Brasília que os dados foram mais bem recebidos. Ao passo que, entre caciques do Centrão e no entorno do governador de São Paulo, o que se ouviu ao longo da tarde foram lamúrias e até mesmo questionamentos à credibilidade dos números apresentados pelo instituto.

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Última pesquisa de peso de 2025, a Quaest, antecipada em um dia, consolida o cenário que o JOTA vem descrevendo. A alternância de poder aparece como um desfecho bem menos provável do que parte do mundo político e do mercado financeiro resiste em entender. Com o ano chegando ao fim, a hipótese de um Lula 4 se fortalece e tende a se manter presente nos levantamentos de 2026, ainda que filtrada pelo ruído e pelos vieses próprios das pesquisas eleitorais.

Pelos números atuais, o cenário de 2026 aponta para uma eleição que será definida sobretudo pela rejeição. Lula apresenta índice ligeiramente menor, com 54%, enquanto Flávio Bolsonaro chega a 62%, diferença relevante em um ambiente altamente polarizado.

Ainda assim, o dado que mais chamou a atenção e que segue sendo digerido pelo mercado e pelas lideranças do Centrão diz respeito ao futuro da aposta presidencial de Tarcísio de Freitas. Nesse redesenho, o governador de São Paulo só existirá se a família Bolsonaro permitir.

Planalto vê consolidação de Lula

Fontes do governo com quem o JOTA conversou viram nos dados uma “consolidação da trajetória de recuperação” da popularidade de Lula. A Quaest mostrou o presidente com 48% de aprovação e 49% de desaprovação em dezembro. Em maio, no pior momento do governo Lula 3, o instituto mostrava um saldo negativo de 17 pontos, com 57% desaprovando o trabalho do petista e 40% aprovando sua gestão. Também houve melhora na avaliação do governo, com 34% de ótimo/bom (ante 26% em maio), 25% de regular (28% em maio) e 38% de ruim/péssimo (43% em maio).

Lula, além disso, aparece à frente no segundo turno em todos os cenários de primeiro e segundo turno. No segundo turno, ele ganharia a eleição contra Flávio (46% a 36%), Ratinho Júnior (45% a 35%) e Ronaldo Caiado (44% a 33%). Contra Tarcísio, a liderança de Lula se ampliou de 5 pontos em novembro (41% a 36%) para dez pontos neste mês (45% a 35%).

Flávio achou pesquisa “muito boa”

A pesquisa também agradou Flávio Bolsonaro e seu entorno. Na avaliação desse grupo — que coincide com o que se ouve no Palácio do Planalto —, os dados da Quaest ajudam a desmontar a teoria de que Tarcísio é um candidato mais competitivo do que o filho do ex-presidente. Ainda que haja um consenso em Brasília de que o governador reúne mais condições do que Flávio para atrair as legendas e o eleitor de centro, os números da pesquisa são impactantes.

Em um cenário de primeiro turno com Flávio e Tarcísio, o senador aparece com 23% das intenções de voto ante 10% de Tarcísio, com Lula abocanhando 41% dos votos. O desempenho do governador paulista é pior do que o de Ratinho Júnior, que aparece com 13% em outra simulação, com o senador obtendo os mesmos 23% e Lula, 39%.

De acordo com relatos, Flávio achou a pesquisa “muito boa”, avaliando que ela mostra o fortalecimento de sua campanha e de seu nome como presidenciável. Esse crescimento na Quaest já era esperado por seu grupo político, que vem adotando a estratégia de apresentá-lo ao público desde o anúncio de que ele era o candidato ungido por Jair Bolsonaro para concorrer ao Planalto.

O senador tem aparecido em podcasts e concedido entrevistas a jornais, como a “Folha de S.Paulo”, e a programas de emissoras como o SBT e a Record. A tentativa de seus auxiliares é construir aos poucos a imagem de um “Bolsonaro moderado”, de olho no eleitor mais ao centro que, acredita-se, ele disputará com Lula e que será decisivo na eleição.

Entorno de Tarcísio preocupado

O entorno de Tarcísio de Freitas recebeu com certa preocupação a pesquisa e creditou o resultado à grande exposição midiática que Flávio vem obtendo desde que foi anunciado como pré-candidato, enquanto o governador tem se concentrado naquilo que é seu principal objetivo, fazer um bom mandato em São Paulo.

Os aliados do governador também destacaram que a pesquisa ainda mostra um campo de oposição a Lula fragmentado, mas que pode se unir em 2026. Em termos práticos, não há clima de velório, mas o grupo de apoio de Tarcísio reconhece que Flávio está aumentando seu cacife de negociação.

Já caciques do Centrão se dividiram entre o ceticismo e a contrariedade após a divulgação da pesquisa. Líderes dessas legendas continuarão pressionando os Bolsonaro nas próximas semanas para que abracem a candidatura de Tarcísio. Mas, se as tendências apresentadas pela Quaest nesta terça-feira se replicarem em pesquisas de outros institutos, essa possibilidade ficará cada vez mais difícil.

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