Belém pós-COP30: o relato de uma belenense depois do maior evento de clima do mundo

Belém, uma das cidades mais vibrantes da Amazônia, passou por dias incomuns durante a COP30. As ruas, normalmente tranquilas, se transformaram em corredores de encontros, debates e movimentação cultural.

Delegações internacionais, cientistas, ativistas e representantes de governos cruzaram as avenidas paraenses, conversaram com moradores das periferias que participaram de rodas de conversa improvisadas em praças, manifestações e escolas. As ruas ganharam vida, e os bairros periféricos, que geralmente passam despercebidos, se tornaram palcos de diálogos sobre clima, meio ambiente e políticas públicas.

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Agora, semanas depois do encerramento da conferência, a cidade voltou à rotina. Os visitantes internacionais já se foram, os cafés e bares retomaram seu ritmo habitual e as festas improvisadas na porta das casas diminuíram. Para muitos moradores, a sensação é de nostalgia. A troca cultural foi uma enxurrada de diversidade, e talvez esse seja o maior presente que ganhamos.

Belém agora carrega a experiência e o desalento da COP30

O efeito da COP30 não se limitou à presença física dos visitantes. Ela evidenciou algo que os moradores da cidade já conheciam, mas raramente se manifestava de forma tão clara: o potencial das periferias amazônicas como centros de conhecimento, cultura e resistência climática.

E enquanto Belém voltou à rotina, a cidade carrega a marca destes dias de intensa movimentação. O silêncio das ruas é agora um lembrete da experiência coletiva vivida: a presença dos turistas abriu novas perspectivas, incentivou trocas de conhecimento e, principalmente, reforçou o protagonismo das comunidades do Pará.

É possível perceber, nos relatos de moradores, que a saudade vai além da ausência dos visitantes estrangeiros. Fala-se da falta das pequenas festas na calçada, do senso de coletividade que tomou conta dos bairros. Ouvi de alguns participantes que o sentimento que a COP30 deixou foi de efervescência, um borbulho criativo maior do que a cidade já entrega por si só. Que o evento vai deixar saudades pois ninguém passou pela COP de forma indiferente.

O paraense, mesmo aqueles que não conheciam outros idiomas, foi capaz de se comunicar, criar laços e pontes para entender as palavras difíceis dos convidados internacionais.

O legado da COP para os belenenses

A saudade que se sente não é apenas da movimentação de turistas ou dos eventos oficiais, mas da energia coletiva que surgiu quando vizinhos e visitantes se encontraram para falar de futuro, clima e cidadania. Assim, a Belém que fica depois da COP30 não é apenas uma cidade que retornou à rotina. É uma cidade que aprendeu, por alguns dias, como é ter suas ruas pulsando com o mundo inteiro.

É um lembrete de que a vida comunitária, a interação e a participação social podem transformar o espaço urbano, e que os dias de COP deixaram um legado de memória, aprendizado e saudade de uma cidade que viveu intensamente, ainda que por um breve período.

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Depois que os visitantes partiram, a cidade pareceu respirar mais devagar. As ruas de Belém estão mais silenciosas, e aquele burburinho contagiante que tomou conta dos bairros durante a COP30 deu lugar à calmaria.

Apesar do silêncio, as lembranças da COP30 continuam vivas nas conversas e nos projetos comunitários. A cidade voltou à rotina, mas a energia do evento deixou marcas: ideias, encontros e sonhos que fortalecem a percepção de que cuidar da Amazônia e das periferias é uma tarefa de todos, em cada dia do ano.

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