Por um pacto sinergético entre Norte e Sul na COP30

Todos os temas abrangidos pela 30ª Conferência Internacional sobre Mudanças Climáticas, a COP30, importam, mas a transição energética para fontes limpas de CO2 é o central, devido ao cumulativo carbono que aquece a atmosfera pelo uso de fontes de energia que o geram, incessantemente e ainda mais em novas atividades com alto consumo energético (como o funcionamento de inteligência artificial).

Tal substituição das fontes energéticas poluentes e/ou finitas por outras com geração naturalmente ininterrupta e sem desprender CO2 atmosférico continua travada por dois impasses.

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Um deles é técnico, porque a fonte tão limpa quanto renovável na natureza e ainda com altíssima magnitude energética é a do hidrogênio, separado da água que compõe com oxigênio, através de correntes elétricas (eletrólise) advindas de fontes renováveis, igualmente despojadas de CO2: solar, eólica, oceânica (ou doutra mobilidade hídrica) ou geotérmica.

Assim é extraído o hidrogênio verde (H2V), sem nenhuma emissão relevante de carbono na atmosfera e só por energias tão renováveis quanto o altamente energético hidrogênio, cuja armazenagem lhe dá a mesma segurança de provisão energética das atualmente majoritárias. Mas eletrólise exige muita energia e fontes renováveis limpas com alta intensidade podem tornar necessária uma conjugação delas que já dificulta seu financiamento

Outro impasse é o político-econômico entre nações desenvolvidas do Norte Global e as do Sul Global em desenvolvimento ou mesmo subdesenvolvidas. Pois a corriqueira exigência moral do Sul de que o Norte, maior beneficiário das absolutamente majoritárias fontes do aquecimento global, financie o desenvolvimento sustentável daquelas nações (como o Brasil), não tem suficiente força política internacional para impor a transferência financeira e até tecnológica de que precisam. Em vez de financiar o Sul, o Norte vem investindo na sua própria conversão energética regional, inclusive pelo hidrogênio.

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Ambos os impasses têm a mesma solução técnico-política: à medida que o hemisfério Sul é de composição majoritariamente oceânica, ao contrário do Norte mais continental e onde se concentram os recursos financeiros e tecnológicos, um pacto sinergético pode beneficiar ambos os hemisférios numa transição energética conjunta.

A transição energética pode ser acelerada numa transação internacional focada na produção de H2V em usinas eletrolíticas, preferencialmente situadas no Sul, onde há mais fontes renováveis de eletricidade devidas à maior presença eólica e marítima sob predomínio oceânico, mas compartilhadas com o Norte, dono de maiores recursos tecnológicos e econômicos para viabilizá-las.

Compartilhar hidrogênio verde com o Norte tanto generalizaria sua adoção, quanto garantiria a exploração das outras fontes renováveis limpas pelo Sul planetário. Cabe ao Brasil liderar essa alternativa global

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