Brasil tem ‘nova televisão’ produzida por criadores nacionais e diversos

A primeira televisão chegou ao Brasil na década de 1950 e, desde então, o brasileiro é apaixonado por ela. Mesmo disputando espaço atualmente com outras mídias, a TV ainda reina absoluta: pelo menos um aparelho habita 94% dos lares, ou 75 milhões de famílias, segundo o IBGE. Mas o que passa nas TVs mudou – e, para cerca de 80 milhões de pessoas no país, o YouTube é assistido na tela grande. 

Essa mudança de comportamento é consequência, em grande parte, do conteúdo produzido pelos criadores do YouTube. Em muitos casos, a plataforma é o epicentro para uma audiência nacional de milhões de pessoas ao mesmo tempo. Será por meio de seus canais, por exemplo, a transmissão na íntegra de todas as partidas da maior Copa do Mundo da história, em 2026, pela CazéTV – exclusividade que rendeu R$ 2 bilhões em patrocínios. 

A transformação não está somente na migração para o digital, mas no formato de produção. Ao contrário dos meios tradicionais, o conteúdo é pulverizado entre canais – dos gigantes aos nichados com um público fiel, já que todos podem encontrar o que os interessa e também mostrar sua voz por meio da plataforma. Isso possibilita que o público brasileiro se veja, em toda a sua diversidade, no que assiste: 81% dos usuários no Brasil concordam que podem encontrar conteúdos que refletem sua cultura e perspectiva no YouTube, segundo relatório da Oxford Economics de 2024. 

O modelo de negócios do YouTube colaborou para que essa pluralidade pudesse se formar: 55% do valor arrecadado com anúncios é repassado aos donos dos canais, conforme o modelo de parcerias criado ainda em 2007. Assim, a plataforma se tornou a segunda empresa que mais investe em conteúdo no mundo, injetando cerca de US$ 32 bilhões em seus parceiros globalmente, como apontou estudo da consultoria KPMG. 

Economia de criadores no Brasil

Essa nova economia de criadores já tem impactos diretos na economia brasileira. O ecossistema criativo do YouTube contribuiu com R$ 4,94 bilhões para o PIB do Brasil no ano de 2024; e ajudou a gerar mais de 130 mil empregos equivalentes a ocupações de tempo integral no país em 2024, de acordo com a pesquisa da Oxford Economics. 

Além disso, como o conteúdo e o perfil dos criadores dessa indústria não é monolítico – e eles podem tanto ser pequenos empreendedores, que usam a plataforma para alavancar seus negócios, até negócios inteiros que nasceram no YouTube –, essa economia criativa acaba irrigando a economia em diversas frentes. 

Sem acesso a uma plataforma democrática, dificilmente essas empresas conseguiriam crescer. Para 76% dos criadores que monetizam suas publicações com o YouTube, a plataforma oferece uma oportunidade de criar conteúdo e ganhar dinheiro que não encontrariam na mídia tradicional, conforme relatório de impacto da empresa. E os números mostram que, de fato, elas estão evoluindo: o número de canais na plataforma que geram pelo menos R$ 100 mil em receita no Brasil aumentou mais de 30% entre 2023 e 2024, por exemplo. 

Apesar desse potencial, o modelo de financiamento aos criadores, que fomenta a economia criativa, também está em jogo em propostas regulatórias em discussão no Congresso brasileiro. É o caso do Projeto de Lei do Streaming (PL 8889/2017), aprovado no início de novembro na Câmara e que aguarda votação no Senado; além dela, também tramita no sentido inverso o PL 2331/2022.

O texto aprovado na Câmara determina a cobrança da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) para abastecer o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), além de uma série de obrigações. O objetivo é nobre: fomentar a indústria tradicional do audiovisual. Para funcionar, a política pública não pode ignorar a contribuição de criadores e economia digital para o país. 

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