‘O que nós estabelecemos é uma regra de negociação’, diz Lula sobre encontro com Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite desta segunda-feira (26/10, horário local da Malásia), que o Brasil e os Estados Unidos estabeleceram uma “regra de negociação” após o primeiro encontro oficial entre ele e o presidente norte-americano Donald Trump, ocorrido em Kuala Lumpur, na Malásia.

A reunião marcou a primeira conversa presencial entre os dois líderes desde que Washington anunciou aumento das tarifas sobre produtos brasileiros, chegando a 50%.

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Segundo Lula, a conversa, que ocorreu no domingo (26/10) foi “surpreendentemente boa” e abre caminho para um possível acordo comercial entre os dois países. “Não era possível, nem vocês acreditavam, que numa única conversa a gente pudesse resolver os problemas. O que nós estabelecemos é uma regra de negociação, e toda vez que tiver uma dificuldade eu vou conversar pessoalmente com ele. Ele tem o meu telefone, eu tenho o telefone dele, nós vamos colocar as equipes para negociar”, disse.

O presidente destacou que as tratativas envolverão diretamente o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).

“A minha equipe é de alto nível… e nós queremos negociar o fim das punições ao nosso ministro da Suprema Corte, queremos negociar o fim da punição contra o ministro [Alexandre] Padilha e a sua filha, queremos negociar a taxação, porque a taxação foi equivocada, numa mentira que deveria ter com o Brasil”, afirmou.

Lula também disse que entregou uma carta a Trump durante o encontro, detalhando as demandas brasileiras. “Portanto, não foram apenas palavras. Ele tem um documento sabendo o que o Brasil quer, e eu acho que nós vamos fazer um bom acordo.”

O encontro em Kuala Lumpur representa o primeiro passo de um novo ciclo de diálogo entre os dois países. Antes, Lula e Trump haviam se falado apenas por telefone e tido um breve contato durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro.

O presidente afirmou que a conversa com Trump, apesar de longa e delicada, “dá início a um processo de reconstrução de confiança e de entendimento mútuo”.

“Não é uma negociação fácil, mas eu acho que vamos chegar a um bom resultado. O Brasil quer respeito, diálogo e cooperação, e foi isso que eu disse ao presidente dos Estados Unidos”, concluiu Lula.

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Impacto das tarifas

As tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras foram justificadas, à época, pelo governo norte-americano sob o argumento de proteção à indústria nacional. Lula, porém, classificou a medida como baseada em “informações equivocadas”.

Lula destacou que os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, “que foi a explicação da famosa taxação ao mundo, que os Estados Unidos só iam taxar os países com quem eles tinham déficit comercial”.

“O que não pode é acontecer o que aconteceu com o Brasil, com base em informações erradas, tomar uma decisão de taxar o Brasil em 50%. Ele sabe disso porque eu tive a oportunidade de dizer. Agora não tem mais intermediário, é o presidente Lula com o presidente Trump”, afirmou.

As equipes econômicas dos dois países devem se reunir nas próximas semanas para discutir os parâmetros técnicos das negociações. Além das tarifas, o presidente Lula afirmou disse que pediu a suspensão de sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal e contra o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e seus familiares.

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