IA no ensino superior: desafios para uma regulação que não atrase o Brasil

A inteligência artificial já faz parte do nosso cotidiano e influencia, de forma decisiva, como vivemos, trabalhamos e aprendemos. O desafio que se impõe, agora, não é discutir se vamos ou não utilizá-la, mas como formar cidadãos capazes de lidar criticamente com essa tecnologia, explorando seu potencial sem ignorar seus riscos.

Na educação, essa reflexão ganha contornos ainda mais urgentes. O Conselho Nacional de Educação (CNE) discute boas práticas pedagógicas para a IA; no Congresso, prevalece o debate regulatório. Ambos são necessários, mas o Brasil precisa de um caminho que una segurança jurídica e proteção de dados sem sufocar a inovação. Se regularmos demais, perderemos a chance. Se regularmos de menos, perderemos a confiança. O equilíbrio é o ponto central.

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Essa não é uma tarefa simples. A IA redefine papéis de estudantes, professores e gestores, ao mesmo tempo em que escancara desafios estruturais que o país carrega há décadas. Avançar nesse debate exige, mais uma vez, esforço coletivo envolvendo setor público e particular, sociedade civil e comunidades acadêmicas. A transformação não pode vir de cima para baixo: ela precisa ser construída em colaboração.

No ensino superior, a oportunidade é ainda mais clara. Faculdades, centros universitários e universidades particulares estão em posição estratégica para liderar a transformação digital da educação, como já fizeram ao ampliar o acesso e a inclusão de milhões de brasileiros nos últimos anos. No contexto atual, a missão é traduzir a IA em ferramentas concretas: sistemas que personalizem a aprendizagem, apoiem professores em atividades repetitivas e modernizem a gestão pedagógica e administrativa.

O potencial é enorme. A IA pode levar educação a regiões remotas, reduzir a burocracia que sufoca gestores, apoiar pesquisas com grandes volumes de dados e oferecer instrumentos de decisão baseados em evidências. Mas também pode gerar riscos: desumanização dos processos, perda da autonomia docente e aprofundamento das desigualdades. Esses alertas não são barreiras: são convites para agir com regulação responsável, formação continuada e respeito à autonomia pedagógica.

Estamos numa corrida contra o tempo. Outros países avançam enquanto o Brasil ainda discute seus primeiros passos. Já não é mais uma questão de compreender a IA, mas integrá-la à educação de forma segura e aliada à inovação.

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A celeridade com a qual a inteligência artificial foi incorporada ao nosso cotidiano exige que o país não repita a demora que vimos com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ou com a regulação das redes sociais – que estão inseridas na nossa realidade há décadas sem regras claras que disciplinem sua utilização. Por outro lado, esse histórico também nos dá experiência para não repetir erros e, desta vez, escolher o melhor caminho.

A inteligência artificial é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um teste de maturidade para a nação. Cabe a nós garantir que ela seja um instrumento de inovação, qualidade e equidade para a educação brasileira.

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