Discursos no final do julgamento de Bolsonaro trazem diferença em relação ao Mensalão

Apesar da divergência de Luiz Fux no julgamento que condenou o o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado no Brasil, e das indiretas do relator, Alexandre de Moraes, ao ministro divergente, não havia um clima pesado entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao final do julgamento. O encerramento do julgamento do ex-presidente contrasta com o clima ao final do julgamento do Mensalão, em 2012.

O placar ficou em 4 a 1 pela condenação de Jair Bolsonaro. Somente o ministro Luiz Fux não acompanhou o voto do relator Alexandre de Moraes. Mesmo assim, ele fez questão de ressaltar o bom trabalho feito por no julgamento. “Todos apresentaram votos densos, mostrando que nós nos dedicamos ao nosso ofício. Deixamos destacado também que dissenso não é discórdia. Tenho a total impressão que cumprimos nosso dever com independência e com o descortino que se exige de um juiz”, disse Fux.

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Ao final, o presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, que não íntegra a 1ª Turma, disse que quis estar presente, como presidente do Tribunal, no encerramento do que considera um “julgamento simbólico”. Barroso destacou que pensamento único só existe nas ditaduras. “As compreensões contrárias fazem parte da vida, mas só o desconhecimento profundo dos fatos ou uma motivação descolada da realidade encontrará neste julgamento algum tipo de perseguição política. A vida, no entanto, é plural, assim como também é este Tribunal”, afirmou.

O presidente do STF ressaltou ainda que o julgamento foi transparente e respeitoso com o devido processo legal. Ele também elogiou a atuação do procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, como titular da ação penal; bem como o trabalho do ministro Cristiano Zanin, na condução do julgamento, e do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.

Os discursos em defesa da validade das posições divergentes e as congratulações divergem do clima de tensão de julgamentos anteriores da mesma natureza no Supremo. Em 2012, por exemplo, o julgamento do Mensalão terminou com um desentendimento entre o relator Joaquim Barbosa e o ministro Marco Aurélio Mello.

Ao final do julgamento, o ministro Barbosa anunciou que faria alguns agradecimentos a assessores que o ajudaram no processo. A iniciativa foi contestada por Marco Aurélio, que afirmou que algo semelhante nunca havia acontecido no tribunal. Barbosa rebateu, dizendo que não via motivo para deixar de reconhecer publicamente o trabalho de servidores e colaboradores da Corte. Marco Aurélio, então, pediu licença e deixou o plenário antes do fim da sessão.

Esse foi só um dos episódios de conflito que marcaram o processo do Mensalão durante seus quatro meses de julgamento no Supremo.

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