A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta segunda-feira (18/8) que será necessário discutir os termos do leilão de gás da União levando em conta as necessidades de parceiros da petroleira. A declaração foi feita durante o podcast Energy Talks, da Agência Eixos.
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“Você acha sinceramente que uma empresa estatal vai negar acesso a uma empresa pública federal? Isso não vai acontecer, gente. Nós vamos ajudar em tudo que for possível. E esse gás chegará à costa e será leiloado. Isso vocês não podem ter dúvida. O que se discute é em que termos, para que esses termos sejam condizentes tanto com as necessidades da PPSA quanto com as necessidades da Petrobras e seus parceiros, porque nós não estamos sozinhos nessas instalações, e da sociedade brasileira”, afirmou Chambriard.
O leilão do gás natural da União segue travado em meio a disputas no Congresso e resistências da indústria.
Em julho, o governo editou a medida provisória 1304/2025, conhecida como MP dos Vetos, que estabeleceu ao CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) determinar as condições de acesso aos sistemas integrados de escoamento, de processamento e de transporte para a comercialização do gás natural da União.
O assunto seria discutido em reunião do CNPE no último dia 5 de agosto, mas o encontro foi cancelado. Ainda não há data definida para a próxima reunião.
Um dos pontos de discórdia que levaram ao cancelamento da reunião do CNPE é a proposta do Ministério de Minas e Energia (MME) de reduzir em até 70% os valores da tarifa do SIE-SIP (Sistema Integrado de Escoamento e Sistema Integrado de Produção). Entre integrantes da Petrobras, há dúvida de que os valores seriam suficientes para garantir investimentos nas infraestruturas.
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Além disso, outras empresas do setor que têm acesso aos sistemas temem que os valores mais baixos para o gás da União possa ser repassado de forma indireta. Por isso, empresas como Shell, Repsol e Galp, estudam acionar a Justiça para barrar a redução nas tarifas cobradas pelo uso de suas instalações por terceiros.
Questionada sobre a proposta de redução da tarifa de escoamento e processamento de gás natural, Chambriard afirmou que a saída para baixar preços é investir em tecnologia e infraestrutura para aumentar a eficiência da produção.
“Longe de quem acredita que para a Petrobras interessa o preço alto. Não, para a Petrobras o que interessa é vender mais e ganhar na escala”, afirmou a executiva. “O gás natural será tão mais barato quanto mais gás natural a gente conseguir trazer para a costa.”
As condições de acesso ao leilão do gás da União também são objeto de disputas no Congresso, onde uma série de emendas à MP dos Vetos busca redesenhar o modelo do certame.
Integrantes do Ministério de Minas e Energia já admitiram que o leilão do gás da União, previsto inicialmente para o final deste ano, pode atrasar e ficar para o primeiro semestre de 2026.