Tarifaço: Trump alivia 26% da pauta do Brasil e dá margem a negociação

O governo dos Estados Unidos cumpriu com as suas promessas: sancionou o ministro Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky e impôs ao Brasil a tarifa mais punitiva que está sendo aplicada neste momento a qualquer nação do mundo. Nem a China, sua inimiga favorita, teve o mesmo percentual – até segunda ordem, as exportações chinesas pagarão 30%. As duas decisões foram anunciadas com menos de duas horas de diferença e o tom da nota explicativa do decreto presidencial é grave, assim como o ataque ao judiciário brasileiro.

As sanções recaíram, neste momento, apenas sobre o ministro Alexandre de Moraes, o que já era esperado. Ainda, há uma lista de exceções com 694 produtos que não estarão sujeitos aos 50%, muito maior do que era esperado. São 26% da pauta de exportação brasileira para os EUA. A Embraer foi grande contemplada. A lista, bem mais longa do que o esperado, foi vista, em boa medida, com grande alívio dentro do governo e no setor produtivo. Ainda serão taxados o café, carne e açúcar, assim como manga e pescado.

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Ao que tudo indica, essa teria sido uma das múltiplas formas do “TACO Trade”. Fala-se até em “mini-TACO” nos círculos mais fechados. Foi uma reviravolta e tanto para a construção da narrativa de vitória de Trump.

O governo americano sancionou Moraes, como disse que faria. Ganhou a narrativa – já que a carta de 9 de julho em que avisava que aplicaria a taxa de 50% não dava a possibilidade de todos ganharem, como o JOTA alertou – e agora pode negociar. Ainda mais depois que o governo brasileiro teve um representante do USTR assistindo uma reunião do setor de “big techs” com o vice-presidente nesta terça-feira (29/7).

Esta não é leitura Pollyanna, como deixa a entender a margem para negociação deixada no parágrafo que permite a modificação dos 50% para cima ou para baixo no decreto presidencial. Segue o jogo psicológico até a eleição de 2026, com a ameaça constante de que Washington poderia fazer o mesmo com os outros magistrados e até lançar mão de outras medidas. De todo modo, o Moraes já estava precificado, até por ele próprio, que disse que estava preparado.

A resposta do Executivo agora será política. A ideia é seguir sem misturar as esferas econômico-comercial com a político-institucional e manter-se abaixo do radar. Essa será a senha para que o Brasil possa sentar-se à mesa, negociar e atuar. Quem sabe assim não consegue benefícios para carne e açúcar. O café, aparentemente, ficou fora da lista de exceções porque os americanos estão contando com uma super safra do Vietnã.

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