Pego de surpresa pela inclusão do PLD que derruba o decreto do IOF na pauta desta quarta (25/6) na Câmara, o governo atribui o gesto do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a uma série de fatores. Na interpretação de uma fonte graduada do Palácio do Planalto, o leilão de petróleo de áreas adjacentes do pré-sal, com potencial para arrecadar até R$ 20 bilhões, deu segurança a Motta e seu grupo político para sustar o decreto do IOF sem provocar um caos fiscal imediato. A fonte pondera que o leilão, com a derrubada do IOF, resolve o problema no curto prazo, mas deve complicar as discussões para o Orçamento de 2026, podendo faltar dinheiro para o ano que vem.
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O leilão das áreas adjacentes foi incluído por Motta como o segundo item da pauta de hoje no bojo da MP 1291, que autoriza o uso de R$ 15 bilhões do Fundo Social para habitação popular. O PDL do IOF é o primeiro item da pauta.
De todo modo, o Planalto acredita que a Câmara acelerou a votação da MP, ao mesmo tempo em que quis infligir uma derrota ao governo. Há um estado de coisas que contribui para isso. O primeiro fator são os movimentos do ministro Flávio Dino do Supremo Tribunal Federal (STF). A cruzada do ministro contra as emendas parlamentares vem sendo jogada na conta do governo por parte de deputados e senadores.
Outro fator é o ritmo lento do Planalto na liberação de emendas neste ano, que tem gerado irritação entre os congressistas. Além disso, a cúpula do Planalto também atribui o comportamento de Motta a uma influência grande do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do senador Ciro Nogueira (PP-PI), sobre o atual presidente, além de sua baixa capacidade de segurar as pressões que recebe no colégio de líderes.
O Planalto acredita que não conseguirá reverter a situação na Câmara e ainda avalia se será possível segurar a votação do PDL no Senado. Entretanto, há dúvidas entre auxiliares de Lula sobre se esse movimento de Motta não foi combinado também com os senadores.