Com foco na transição, Plano de Economia Circular mira em modelo econômico mais sustentável

Destaque do primeiro dia do Fórum Mundial de Economia Circular 2025, que ocorre pela primeira vez na América do Sul entre os dias 13 a 16 de maio, em São Paulo, e promove discussões focadas na implementação de soluções econômicas circulares, o Plano Nacional de Economia Circular (PLANEC), integrante da Nova Indústria Brasil (NIB), foi aprovado na última quinta-feira (8/5) visando a construção de um novo modelo econômico mais justo e sustentável. Com foco na transição do modelo atual de produção linear para um sistema de produção e consumo baseado em reaproveitamento de recursos e regeneração ambiental, o PLANEC pretende criar um ambiente normativo e institucional favorável à economia circular. Confira o documento na íntegra.

Hoje, o modelo de produção e consumo linear vigente é baseado na mentalidade de “extrair, produzir, consumir, descartar”, que não considera de forma adequada as externalidades negativas geradas ao longo do processo de extração de recursos, produção, consumo e fim de vida dos produtos, assim como não considera a capacidade de regeneração dos ecossistemas e os limites que impõem.

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A publicação faz parte da Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC), instituída pelo Decreto 12.082/2024, que busca incentivar o uso eficiente dos recursos naturais e das práticas sustentáveis ao longo das cadeias produtivas, e integra a Nova Indústria Brasil (NIB), coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e ao Plano de Transformação Ecológica (PTE), lançado pelo Ministério da Fazenda.

Alinhado à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e visando a realização da Conferência do Clima (COP30), que será sediada em Belém (PA), a estratégia nacional pretende impulsionar o Brasil a desempenhar o papel de potência ambiental global, referência na gestão de suas riquezas naturais, na produção e consumo sustentáveis, e na economia de baixo carbono.

Neste contexto, o documento oficial do PLANEC traça 18 objetivos e estabelece 71 ações para direcionar as políticas públicas de circularidade, sejam elas de crédito ou de desenvolvimento científico-tecnológico, ao longo dos próximos dez anos (2025-2034) no país.

O plano recebeu 1.627 contribuições em consulta pública — entre 18 de fevereiro a 19 de março —, distribuídas em cinco eixos distintos, que abrangem o ambiente normativo, inovação e educação, redução de resíduos, instrumentos financeiros e articulação interfederativa. Dentre os participantes, há o destaque para pessoas físicas (44%), membros da iniciativa privada (33%), terceiro setor (12%) e setor público (11%).

A estratégia da NIB, segundo o material, envolve investimentos da ordem de R$ 300 bilhões até 2026, com o objetivo de fomentar uma nova revolução industrial, abrangendo áreas como a infraestrutura, saúde, educação, sustentabilidade, transição energética e descarbonização.

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Além disso, a NIB tem como uma de suas missões a “bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energética para garantir os recursos para as futuras gerações”, cujos objetivos estimados são fortalecer as cadeias produtivas baseadas na Economia Circular e no uso sustentável e inovador da biodiversidade, desenvolver indústrias da bioeconomia e promover a valorização da floresta em pé e o manejo florestal sustentável.

Já o PTE busca impulsionar o desenvolvimento preservando o meio ambiente e
combatendo as mudanças climáticas e as desigualdades, e é baseado em seis eixos de atuação: finanças sustentáveis, economia circular, bioeconomia e sistemas agroalimentares, transição energética, adensamento tecnológico e nova infraestutura verde, e adaptação.

Aliado ao PTE, representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário lançaram em agosto de 2024 o Pacto pela Transformação Ecológica entre os Três Poderes do Estado Brasileiro, que prevê a adoção de medidas administrativas, legais e judiciais de enfrentamento a desafios impostos pelas mudanças climáticas.

De acordo com o material publicado, as metas e indicadores do Plano Nacional de Economia Circular ainda serão definidos, com base nos resultados do Diagnóstico Nacional Setorial (DNS). O diagnóstico identificará desafios, oportunidades e especificidades de cada setor, permitindo a formulação de metas realistas e indicadores precisos que orientem a implementação e o monitoramento da ENEC.

Há ainda a estimativa de que, com o avanço do DNS, o Plano Nacional de Economia Circular seja revisitado, dentro do período de um ano, para inclusão de metas, indicadores e definição do período de revisão adequado.

60% das indústrias no Brasil adotam economia circular, aponta CNI

Em pesquisa divulgada na terça-feira (13/5), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que seis em cada dez indústrias brasileiras já são aderentes da economia circular. Com a participação de 1,7 mil indústrias extrativa, de transformação e da construção civil, entre os principais benefícios observados estão a redução de custos, o fortalecimento da imagem corporativa e o estímulo à inovação.

O estudo também detalhou quais são as práticas circulares mais adotadas pelas indústrias brasileiras, com a ação mais frequente sendo a reciclagem de produtos, presente em um terço das empresas. Em seguida, aparecem o uso de matéria prima secundária nos processos produtivos (30%) e o desenvolvimento de produtos com foco na durabilidade (29%).

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Os dados do levantamento apontam a presença da circularidade nas estratégias industriais em diferentes setores, muitos com níveis altos de adoção de práticas. No setor de calçados, por exemplo, 86% das empresas afirmam adotar medidas circulares. Logo depois, destacam-se os setores de biocombustíveis (82%), equipamentos eletrônicos e veículos (ambos com 81%), coque e derivados de petróleo (80%) e celulose e papel (79%) também aparecem com altas proporções.

Por outro lado, setores como o farmacêutico (33%), construção civil (39% a 42%) e impressão (40%) apresentam índices mais baixos.

Os resultados do levantamento foram apresentados durante o Fórum Mundial de Economia Circular, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. O evento é promovido pelo Fundo de Inovação da Finlândia, Sitra, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a CNI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

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