A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve concluir em breve duas investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — o caso da venda irregular das joias sauditas e o da Abin Paralela. Segundo fontes ouvidas pelo JOTA, a previsão é que entre o fim deste ano e o início do próximo, Paulo Gonet se posicione. São três possibilidades: oferecer mais uma denúncia contra o ex-presidente, arquivar a investigação ou pedir diligências, ou seja, complementar as provas.
O caso das joias está na PGR há mais de um ano. Em julho de 2024, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas por associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato (apropriação de bens públicos). O relatório da PF apontou que Bolsonaro e aliados venderam ilegalmente as joias recebidas de presente quando ele esteve no comando do Palácio do Planalto.
Neste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que presentes de uso pessoal, recebidos por presidentes e vice-presidentes, não são patrimônio público e podem continuar com os mesmos ao saírem do cargo.
Outra investigação que deve ter um andamento na PGR já no início de 2026 é da “Abin paralela”, o suposto uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência para o monitoramento ilegal de opositores de Bolsonaro. Além do ex-presidente, estão indiciados seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Côrrea.
A PF concluiu as investigações desse caso em julho de 2025 e, de acordo com a corporação, o uso da Abin se deu para várias tarefas. Uma delas era para espionagem política de opositores, jornalistas, juízes, membros do Ministério Público e ministros do Supremo. Aqui, os agentes fizeram uso da ferramenta First Mile para rastreamento pessoal sem autorização judicial.
Outro uso da Abin era para ataque a opositores através de ações clandestinas de inteligência para perseguir e constranger adversários políticos do grupo no poder.
Uma terceira ação do grupo criminoso, segundo a PF, era a espionagem de servidores públicos, em especial aqueles que atuavam em investigações sensíveis, como os da Receita Federal, TSE, Poder Judiciário e Ministério Público.
A Abin também foi usada para ataques ao sistema eleitoral e às instituições democráticas, como o Supremo, Ministério Público, Poder Legislativo e Judiciário. As informações da Abin também serviram para a produção e propagação de fake news, com a criação e difusão de campanhas de desinformação para desacreditar o sistema eleitoral, atacar adversários e blindar aliados de Bolsonaro.