Lobby brasileiro vive boom de remuneração e demanda em 2025, mostra Anuário Origem

A demanda por serviços de lobby cresceu no ritmo mais forte da série histórica e os salários das lideranças de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) continuaram em patamar elevado em 2025. É o que mostra a nova edição do Anuário Origem Latam, que coleta dados do setor há sete anos e ouviu 542 profissionais de empresas, entidades e consultorias. O levantamento aponta que 41,3% das consultorias especializadas registraram aumento “muito alto” na procura por serviços — quase o triplo do percentual apurado no ano anterior — ao mesmo tempo em que as equipes internas das empresas foram enxugadas e orçamentos passaram por recomposição.

A pesquisa traz, pela primeira vez, números sobre remuneração. Entre profissionais de nível gerencial ou superior que atuam em empresas, 34,7% recebem mais de R$ 50 mil mensais. Outros 22,4% ganham entre R$ 35 mil e R$ 49,9 mil, enquanto 25% ficam na faixa de R$ 25 mil a R$ 34,9 mil. A faixa mais elevada de salários aparece principalmente entre diretores e vice-presidentes — 64% deles superam os R$ 50 mil — e entre profissionais que trabalham em multinacionais ou em companhias com mais de R$ 1 bilhão de faturamento, onde essa proporção chega a 38%. No setor de tecnologia, o percentual de lideranças com salários acima dos R$ 50 mil sobe para 57,2%.

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Nas entidades setoriais, um quarto das lideranças ultrapassa os R$ 50 mil mensais, mas a maioria (59,7%) está abaixo dos R$ 34,9 mil. Já nas consultorias, a dispersão é maior: só 14,7% recebem mais de R$ 50 mil, enquanto 61,7% ficam nas faixas inferiores a R$ 34,9 mil. A diferença reflete a predominância de estruturas pequenas nesse segmento e o fato de que apenas uma parcela das firmas atua em nichos altamente especializados.

O anuário também registra mudanças dentro das empresas. Houve queda expressiva no número de companhias que mantêm departamentos de RIG com cinco pessoas ou mais, enquanto estruturas compostas por apenas um profissional voltaram a crescer. A redução ocorre simultaneamente ao aumento do uso de consultorias externas e de ferramentas de inteligência artificial para automatizar tarefas operacionais.

Os orçamentos destinados à área também mudaram de patamar. A proporção de empresas com até R$ 999 mil por ano para RIG caiu para 32,7% — era 45,1% há dois anos. Orçamentos entre R$ 1 milhão e R$ 4,9 milhões chegaram a 41,3% dos casos. Entre empresas com receita acima de R$ 1 bilhão, o movimento é ainda mais acentuado: o grupo com menos de R$ 1 milhão disponível caiu a 26,4%, enquanto a faixa de R$ 1 milhão a R$ 4,9 milhões subiu a 43,6%.

A expansão das consultorias acompanha esse quadro. Além dos 41,3% que relataram crescimento expressivo na demanda, outros 52,2% viram aumento moderado. Apenas 6,5% disseram que o cenário permaneceu estável — o menor índice da série. Os setores que mais impulsionaram a procura foram Saúde (37,2%), Tecnologia (36,2%), Energia e Agronegócio. Ao mesmo tempo, aumentou o número de consultorias que passaram a operar em faixas mais altas de faturamento.

No plano institucional, o anuário mostra que a maior parte dos profissionais apoia medidas de transparência. Em todas as categorias, há maioria favorável à criação de um cadastro público obrigatório para quem atua com RIG: 79,4% entre entidades, 72,1% entre profissionais de empresas e 66,6% entre consultorias. O tema está previsto no projeto de regulamentação do lobby que tramita no Congresso há mais de duas décadas.

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