Coaf propõe criação de unidades regionais em SP, RJ e outros quatro estados

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) está trabalhando para criar unidades regionais para gerar inteligência financeira específica para cada região, afirmou Carolina Yumi, secretária-executiva do Coaf, no encontro do projeto Economia Legal, do JOTA, nesta segunda-feira (24/11). 

Yumi participou de um painel com Mario Luiz Sarrubbo, secretário Nacional de Segurança Pública; Flavia Rigolo e Carlos Gaya, promotores do Gaeco do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). 

O evento reuniu gestores públicos, especialistas em políticas de segurança e autoridades de órgãos de controle no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em São Paulo, e teve transmissão ao vivo no YouTube do JOTA.

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Segundo Yumi, o Coaf está propondo a criação de seis unidades regionais para atuar e entender as tipologias (padrões de atividades suspeitas) locais, porque o entendimento das economias regionais tem se tornado cada vez mais relevante para identificar as atuações criminosas dentro do mercado ilícito. 

De acordo com a secretária-executiva, isso vai ao encontro da determinação do ministro Alexandre de Moraes na ADPF 635 de que se crie uma unidade específica do Coaf no Rio de Janeiro. 

A criação das unidades ainda está em negociação, mas a ideia do órgão é que haja duas unidades no sudeste — no Rio de Janeiro e em São Paulo — e quatro em outras regiões do Brasil, incluindo uma no Pará. 

“Em Belém seria muito interessante ter uma unidade com foco em crimes ambientais, por exemplo, que é muito específico”, afirmou Yumi. 

Para a secretária-executiva, essas unidades ajudam muito na segunda função do Coaf (além de fazer os relatórios de atividades financeiras), que é a fiscalização de atividades que não contam com órgão fiscalizador ou regulador próprio.

Infiltração do crime nas polícias

O painel também teve uma discussão sobre como o Ministério Público de São Paulo tem tido uma nova visão sobre a infiltração do crime organizado nas forças policiais. 

“Antes enxergávamos como atos específicos de corrupção, mas passamos a ver esses agentes como promotores dos interesses das organizações criminosas dentro das instituições”, afirmou o promotor Carlos Gaya, do Gaeco. 

“É um sentimento de que o inimigo mora ao lado”, afirmou o promotor. “Para mim, em específico, é uma situação especialmente dolorosa esse tipo de operação envolvendo infiltração do crime organizado nas polícias, porque eles são nossos parceiros, no dia-a-dia, com quem a gente conta justamente para o enfrentamento desse crime”,

Para Gaya, a lógica de enfrentamento continua a mesma: focar na inteligência e investigação de atividades financeiras suspeitas, enxergando os criminosos como agentes econômicos racionais atuando em busca de maximização do lucro. 

“Faz sentido um policial civil ser dono de um banco?”, questiona Gaya. “São funcionários públicos, cujos rendimentos são previsíveis”

Também participaram do evento nesta segunda (24/11) Renato Casagrande, governador do Espírito Santo; Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo; e o coronel Mario Ikeda, secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul.

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Este foi o segundo encontro do projeto que debate os impactos da insegurança pública para os negócios e o desenvolvimento econômico no país. O objetivo é dar visibilidade aos efeitos da insegurança pública, formular compromissos públicos que reforcem a urgência de soluções e dialogar com o poder público. O projeto também já entrevistou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a federalização na segurança pública. 

O projeto tem patrocínio do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), Instituto Combustível Legal (ICL), e Philip Morris Brasil.

Veja como foi o evento sobre o impacto do crime na economia

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