O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) minimizou a atuação diplomática do governo Lula (PT) na retirada de tarifas impostas pelos Estados Unidos. Segundo ele, a medida decorre de pressões internas nos EUA relacionadas aos custos das tarifas para trabalhadores americanos, o que teria levado grupos conservadores a pressionar o presidente norte-americano Donald Trump.
“Não foi um sucesso da diplomacia brasileira”, disse em entrevista ao JOTA nesta sexta-feira (21/11). “Foram fatores internos que estão afetando muito o bolso do trabalhador americano, que por consequência, o pessoal do movimento MAGA pressiona o presidente Trump também a retirar essas tarifas”, afirmou. Trump assinou, na quinta-feira (20/11), uma ordem executiva retirando a tarifa adicional de 40% imposta sobre o café, a carne e a uma série de outros produtos agrícolas do Brasil. A decisão se deu em meio ao avanço na negociação entre os dois países pelo fim das tarifas adicionais impostas em julho a itens brasileiros.
Assista à íntegra da entrevista
Eduardo afirmou que, se houvesse efetivamente uma vitória diplomática brasileira, ela deveria se refletir na retirada de sanções aos alvos da Lei Magnitsky, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, e na retomada de vistos para autoridades brasileiras. “Isso, sim, está dentro da esfera 100% política. Isso fica a cargo do State Department aqui dos Estados Unidos, basicamente o Marco Rubio. Esssa parte não foi alterada e isso é mais um componente que demonstra que não houve uma vitória da diplomacia brasileira”, afirmou.
O deputado também argumentou que Trump conduz um discurso público que atribui a decisão a conversas com líderes estrangeiros para manter seu capital político e evitar desgastes com sua própria base e demonstrar fraqueza diplomática entre opositores.
Eduardo disse receber “com muita alegria” a decisão pela retirada das tarifas e afirmou “lamentar” que os produtores brasileiros tenham sido alvo da medida. “Eu lamento que os políticos brasileiros não tenham aproveitado essa oportunidade para pressionar a elite brasileira e tenha preferido vir nos Estados Unidos bater a porta de autoridades americanas, mas mais uma vez, não foi isso que gerou o resultado”, disse. O deputado afirmou também não considerar que o recuo dos EUA pode elevar a popularidade de Lula. Segundo ele, é “muito precoce” associar a decisão a um ganho político do presidente.
Terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro. Do país, articula a imposição de sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras em razão das ações contra seu pai no STF. O ex-chefe do Executivo foi condenado a 27 anos de prisão em setembro e pode ter o cumprimento de sua pena determinado pela Corte ainda neste mês.
Sem citar quem são seus contatos nos Estados Unidos, Eduardo afirmou que mantém aberto o canal com integrantes da administração Trump. “Me reservo ao direito de não expor os nomes, porque meus opositores atuam muito nos tribunais procurando pelo em casca de ovo para tentar derrubar nossos contatos”, disse. Ele afirmou ainda que parte desses encontros deixou de ocorrer recentemente de forma mais recorrente em razão do shutdown nos Estados Unidos.