Bolsonaro é imprevisível e deve esperar até março para definir candidatura, diz Eduardo

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro não deve anunciar um eventual sucessor para a disputa presidencial antes de março de 2026. Em entrevista ao JOTA, nesta sexta-feira (21/11), ele disse que Bolsonaro “é imprevisível” e deve esperar “a última da última possibilidade” para concorrer à Presidência.

“Até março, a gente tem a janela a possibilidade para que os governadores ou atuais mandatários do Poder Executivo estadual possam se licenciar para sair candidatos para presidente. Não vejo porque antes de março tomar essa decisão. Não vejo o que isso prejudica ou beneficia”, disse. “Até lá, acho que vamos viver essa tensão”, afirmou. Eduardo disse também acreditar na anistia.

O ex-chefe do Executivo foi condenado a 27 anos de prisão em setembro e pode ter o cumprimento de sua pena determinado pela Corte ainda neste mês.

Assista à íntegra da entrevista

Flávio é cabeça de chapa e Tarcísio não seria ‘candidatura natural’

O deputado disse que seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem “condições totais” de liderar a disputa de 2026 em um cenário sem Jair Bolsonaro. Ele citou o histórico político do primogênito do ex-presidente, que já foi quatro vezes deputado pelo Rio de Janeiro e candidato à prefeitura da capital fluminense, e seu perfil “moderado”.

“Com o sobrenome Bolsonaro, ele leva, com quase certeza, para o segundo turno. O Flávio tem o perfil mais moderado, mais político, mais articulador da família, tem a possibilidade total de aderir a outros partidos de centro-direita e centro nessa campanha dele. É uma candidatura muito competitiva”, disse. “Se ele pedir minha opinião, falaria para ele ser cabeça de chapa, porque vice não apita tanto assim”, completou.

Eduardo rejeitou uma candidatura sem a presença de um Bolsonaro como cabeça de chapa. “Se o Bolsonaro larga com 40%, como dizem todas as pesquisas, altamente competitivo, podendo levar um presidente ao segundo turno, não faz sentido que o requisito seja não ter nenhum Bolsonaro nessa chapa”, afirmou.

Segundo ele, uma candidatura de direita se um nome da família seria “extorsão”. “É [como se fosse] você pedir para o Lula apoiar alguém de centro e tirar o time dele de campo. Não faz sentido. Então se quiserem os votos, vai ter que sentar para negociar nesse sentido”.

O deputado disse ver méritos no governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas ponderou que o político não teria “ânsia de se tornar presidente” e sua candidatura ao Palácio do Planalto não seria “natural”, já que teria “uma reeleição para governador garantida”.

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Eduardo titubeou ao responder se classificaria Tarcísio como bolsonarista. “Essa é uma pergunta difícil”, afirmou. O deputado disse que, se o critério for a proximidade com Jair Bolsonaro, considera que o governador integra o núcleo alinhado ao ex-presidente. Mas completou: “Se for pela sua conduta política, eu deixaria uma dúvida uma dúvida no ar”.

Sobre Michelle Bolsonaro (PL), também cotada entre os presidenciáveis, Eduardo reforçou que Flávio “perfumaria politicamente muito melhor numa campanha” e indicou que seria uma “baita posição” para a ex-primeira-dama disputar o Senado, como vem indicando a esposa de Jair Bolsonaro.

Entre governadores aliados, citou os nomes de Ratinho Jr., Romeu Zema e Ronaldo Caiado como conhecidos regionalmente, mas menos competitivos nacionalmente e com dependência em relação a Bolsonaro.

Para ele, a prisão de Bolsonaro impactará também as candidaturas de direita pelo país, com a sua ausência em palanques e campanhas. “Tem locais que não tem figuras da direita com tanta notoriedade, e aí estaríamos pedindo voto para senadores de centro. Então isso tem que ser colocado na mesa”.

Trump vai se enxergar em Bolsonaro e poderá reagir

O deputado, que está desde o final de fevereiro nos Estados Unidos articulando a imposição de sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras, disse que, se Bolsonaro for preso e impedido de concorrer à eleição no ano que vem, Donald Trump “vai se enxergar” na situação do ex-presidente brasileiro e poderá reagir.

“Trump tem uma característica crítica semelhante a do Bolsonaro. São duas pessoas impossíveis de prever qual será a reação, mas eu acho que de alguma maneira reagirá”, disse. Segundo ele, uma eventual exclusão de Bolsonaro da disputa poderia gerar crise internacional e levar a um não reconhecimento do resultado eleitoral por outros países.

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Eduardo declarou ainda acreditar na aprovação da anistia a Bolsonaro, o que permitiria sua candidatura. “Acredito muito na aprovação da anistia e que ele possa livremente poder concorrer na eleição do ano que vem. Até porque com Bolsonaro preso, a gente não está falando de um impacto só na eleição presidencial, nós estamos falando também do maior líder da direita que não vai estar na rua pedindo voto”, disse. Para ele, se for candidato, Bolsonaro ganhará as eleições “tal qual ocorreu com o Trump”.

Eduardo diz temer morte do pai na prisão

O deputado disse que teme que o ex-presidente “não resista” caso seja preso e relacionou o frágil estado de saúde do pai à “pressão” do Judiciário. Eduardo criticou as medidas judiciais impostas ao ex-presidente e disse que ele recebe tratamento mais rigoroso que criminosos de facções.

“Eu tenho muito receio do que possa acontecer com eles. Eu acho que meu pai pode vir até a falecer dentro da cadeia. E esse daí, como eu digo, é o objetivo do Moraes”, declarou.

Por outro lado, Eduardo diz que Bolsonaro teria condições de disputar a Presidência em 2026. “Se ele puder participar de uma corrida eleitoral, significa que ele não está mais preso, a sua ficha está limpa. Nessas condições, eu acho até que o soluço pararia”, disse. “Por óbvio, melhoraria até a condição de vida dele”, completou.

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