O Pix completa cinco anos como a maior política pública de inclusão financeira do país.
Lançado pelo Banco Central em 16 de novembro de 2020, tornou-se um marco da inovação pública. Em 2024, registrou mais de 60 bilhões de transações, que somaram R$ 26 trilhões, equivalentes a 2,5 vezes o PIB nacional.
Desde sua criação, o uso de dinheiro em espécie caiu 35%, e o número de usuários ativos do sistema financeiro passou de 77 milhões em 2018 para 152 milhões em 2023, evidenciando ampliação do acesso e digitalização. Nesse contexto, o Pix reduziu custos, estimulou concorrência e consolidou o Brasil como referência mundial em pagamentos digitais.
Nos últimos dois anos, o BC acelerou a agenda de inovação. O Pix por Aproximação, lançado em fevereiro de 2025, permite pagamentos sem uso de QR Code. O mesmo mês marcou a integração de boletos com QR Code do Pix, garantindo liquidação instantânea. Em março, novas regras de segurança passaram a exigir validação de dados com a Receita Federal e exclusão de chaves irregulares.
Em junho, entrou em operação o Pix Automático, que automatiza pagamentos recorrentes como assinaturas e contas de consumo. Para os próximos meses, estão previstas as entregas do Pix Parcelado e do autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução (MED), que digitaliza a contestação de fraudes. Outras inovações, como o Pix em Garantia e o Pix Internacional, estão programadas para 2026.
Entretanto, o avanço do Pix ocorre em um cenário de restrições estruturais. Hoje, cerca de 60 servidores são responsáveis por toda a operação, monitoramento, regulamentação, supervisão e segurança do sistema, apenas nove dedicados exclusivamente às ações de aprimoramento e fiscalização de seus mecanismos de segurança.
O orçamento anual destinado à manutenção e evolução do Pix é de aproximadamente R$ 68 milhões, o que representa 0,0003% do valor transacionado. Essa desproporção impõe limites à capacidade operacional do Banco Central, atrasando projetos como o Pix Automático e o Pix Parcelado e restringindo respostas a ameaças cibernéticas e novos desafios tecnológicos.
A autonomia financeira, orçamentária e administrativa do Banco Central é condição para preservar esse ciclo virtuoso. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, advertiu que cada nova funcionalidade do Pix gera custos permanentes e que, sem meios adequados de financiamento, o BC pode “virar vítima das próprias entregas.”
A PEC 65/2023, que tramita no Senado, oferece a resposta estrutural a esse problema ao permitir que o BC utilize receitas próprias para custear suas atividades, com orçamento apreciado pelo Conselho Monetário Nacional e aprovado pelo Senado. Essa medida garante previsibilidade orçamentária, fortalecimento institucional e transparência, os pilares necessários para que o Banco Central continue a conduzir políticas de inovação com segurança.
Celebrar cinco anos do Pix é reconhecer que o país criou uma das infraestruturas públicas digitais mais bem-sucedidas do mundo. Mas também é reconhecer que o futuro dessa conquista depende de garantir condições institucionais para que ela se sustente.
A continuidade da agenda evolutiva, que inclui novas funcionalidades, integração internacional e avanços em segurança cibernética, depende de que o Banco Central disponha dos recursos humanos e financeiros compatíveis com a dimensão do Pix. A aprovação da PEC do Pix é, portanto, um passo urgente para assegurar que o Brasil siga liderando a inovação financeira pública com eficiência, segurança e inclusão.