Na COP30, o agro brasileiro estará no centro do debate, alguns buscando apresentá-lo como vilão ambiental. A realidade, entretanto, é que ele é e continuará sendo líder da nova economia.
Estudo publicado pelo Fórum Brasileiro da Agricultura Tropical, intitulado “Agricultura tropical sustentável: Cultivando soluções para alimentos, energia e clima”, mostra que a agricultura tropical, longe de ser vilã, pode ser solução para o desafio da produção mundial de alimentos.
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A região tropical concentra 40% das terras aráveis, mais de 50% da água doce do planeta e uma biodiversidade excepcional, ocupando, desta forma, uma posição estratégica para garantir a segurança climática e energética global.
Com um modelo único de agricultura tropical, fruto de pesquisa científica, políticas públicas e empreendedorismo no campo, o Brasil tem demonstrado que é possível sim produzir sem descuidar do meio ambiente. Em apenas 50 anos, a agropecuária brasileira se transformou em uma potência mundial, aumentando sua produção em quase sete vezes – cada quatro produtos do agronegócio em circulação no mundo é brasileiro –, ao mesmo tempo em que mantém 33,2% de sua área coberta por vegetação nativa, aliando força produtiva com riqueza natural.
Dentre os motivos desse sucesso, podemos destacar o Código Florestal brasileiro, um dos mais rigorosos do mundo, que obriga, por exemplo, o agricultor a preservar, no mínimo, 80% da propriedade, na região amazônica, e 20% nas demais regiões do Brasil.
O Código tem sido crucial para garantir a proteção de recursos hídricos, solo e biodiversidade, essenciais para a sustentabilidade a longo prazo e o aumento da produção e da produtividade. Além disso, as regras de recuperação de vegetação nativa previstas no Código contribuirão no combate às mudanças climáticas. Seria transformador se outras nações o adotassem!
Outro ponto que merece destaque é a implementação de um amplo programa de agricultura regenerativa. Criado em 2010, o Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC) estimula a adoção pelo agricultor de sistemas sustentáveis de produção que promovem a remoção e incorporação do carbono atmosférico, como a integração lavoura-pecuária-floresta, o sistema plantio direto e a recuperação de pastagens degradadas, que possibilitam aumento da produtividade, redução dos custos de produção e, consequentemente, alimentos mais baratos para os consumidores. Até 2030, a meta é que as tecnologias ABC sejam adotadas em mais de 72 milhões de hectares.
A pujança do agro brasileiro está ancorada também no uso intensivo de bioinsumos. São bioinoculantes, como fixadores de nitrogênio e promotores de crescimento, biodefensivos, como bioinseticida, bionematicida e bioacaricida, e biofertilizante, como aminoácidos, extrato de algas, extratos vegetais, ajudando a promover a sustentabilidade da produção agropecuária.
O setor está crescendo a uma média anual de 21% e a taxa de adoção de bioinsumos por agricultores brasileiros é uma das maiores do mundo, em grande medida em função do sucesso de tecnologias desenvolvidas aqui mesmo em terras tropicais como a Fixação Biológica de Nitrogênio.
Passados 33 anos da Rio92, o país volta a ser o centro das discussões sobre o clima, agora em Belém do Pará, na COP30, que promete ser igualmente impactante, haja vista que terá como palco a floresta amazônica, região fundamental para a regulação climática do planeta.
É uma oportunidade histórica para reposicionar a agricultura, especialmente da região tropical, como eixo estruturante das soluções climáticas globais, bem como demonstrar o esforço que o Brasil tem feito, especialmente no setor agropecuário, no combate às mudanças climáticas.
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O agro, representado pelo ex-ministro Roberto Rodrigues – indicação do embaixador André Corrêa do Lago – apresentará na COP30 a proposta objetiva do setor, com as linhas de ação e de implementação que concretiza este compromisso.
O futuro da segurança climática e alimentar passa pela valorização das soluções tropicais, soluções que emergem de sistemas vivos, conhecimento local e inovação científica aplicada.