A duas semanas de Belém, a presidência da COP30 publicou nesta quinta-feira (23/10) sua oitava carta. O foco desta vez está na adaptação à mudança do clima, que considera “o próximo passo da evolução humana”. O documento ressalta que o tema deve ser tratado como questão global, e não apenas local, e ter o mesmo peso da mitigação.
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Diz ainda que os recursos destinados à adaptação ainda representam menos de um terço do total do financiamento climático, o que estaria “muito aquém das necessidades”, apesar dos sucessivos compromissos. Em entrevista a jornalistas, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, destacou que os recursos públicos são “absolutamente essenciais” para financiar a adaptação.
Na mesma entrevista, ele comentou a decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de autorizar a Petrobras a pesquisar petróleo na foz do rio Amazonas. Para ele, o anúncio evidentemente tem um impacto na COP, mas que está dentro de um contexto muito mais amplo. Em sua avaliação, a decisão fortalece a posição do Brasil de país que, como todos os outros nessa transição, tem que fazer escolhas, o que será um grande desafio econômico.
“Não acho que ele tenha que ser considerado como algo que mude coisas na COP. Todo mundo sabia que esse tema estava evoluindo. A questão foi o momento em que a notícia foi dada, e eu acho que o momento é uma demonstração do quanto a sociedade brasileira está funcionando e que as coisas não são feitas apenas para, como se dizia na minha juventude, para inglês ver. Ao contrário, é uma demonstração do quanto esse tema está sendo debatido de maneira muito aberta no Brasil e que as instituições brasileiras estão funcionando no ritmo em que as coisas devem acontecer”, explicou.
Ainda sobre o tema adaptação, o embaixador deu uma boa notícia aos participantes da convenção da ONU, em geral, realizada em um ambiente mais formal. Ele afirmou que essa será a “COP sem gravata”. O dress code se justifica pelas altas temperaturas e umidade na região amazônica.
“Eu acho que isso vai ser uma coisa que adiciona uma certa informalidade no melhor sentido da palavra informalidade brasileira”, brincou.
Sobre a ainda complicada questão logística, ele afirmou que serão subsidiados três quartos para cada um dos países de menor desenvolvimento relativo, os insulares e o conjunto das nações africanas. Os recursos virão de filantropia, concedidos por entes privados. O dinheiro não passa pelo governo brasileiro, mas está sendo tratado via mecanismos do sistema ONU.
Confira aqui a íntegra da oitava carta da presidência da COP30