Indicadores de Inovação Global – Que conclusões tiramos?

Há um ano, antes de esta coluna existir, o Jota publicou uma série de 5 artigos semanais, nos quais avaliei detalhadamente a edição 2024 do Global Innovation Index, ranking publicado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla em inglês). Os artigos podem ser acessados aqui e acredito que boa parte da avaliação feita ali mantém-se muito relevante.

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Nas últimas semanas, a WIPO publicou o GII 2025. Já o INPI apresentou o Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento 2025 (a ‘versão brasileira’ do GII), no seu segundo ano. E, do lado privado, tomamos conhecimento da 11ª edição do ranking das 150 Empresas mais Inovadoras do Brasil, uma publicação do Valor Econômico, com a consultoria Strategy& do grupo PwC. Os três conteúdos completam os relatórios anuais dedicados a mensurar a inovação em níveis globais, nacionais e empresariais.

Neste artigo, a proposta será trazer um panorama do Global Innovation Index 2025 e quais as conclusões são possíveis. A provocação que se coloca é: o que deve ser melhorado para que os indicadores sejam mais favoráveis nos próximos anos?

GII 2025: inovação na encruzilhada e a lição de casa brasileira

O GII 2025[1] apresenta nas suas primeiras páginas um alerta: a inovação global está em modo de atenção. De um lado, há rápido avanço e alcance de tecnologias em inteligência artificial, computação quântica e energia limpa. De outro, investimentos de venture capital (direcionados a startups e atividades de risco) se mantiveram moderados e localizados em centros de inovação ‘tradicionais’. O investimento global em P&D cresceu, mas em menor ritmo que antes.

O setor privado segue liderando investimentos se comparado com setor público, alcançando total de USD 1.3 trilhão em 2024, com liderança de empresas de setores de tecnologia, software e farmacêutico. Contudo, os níveis de investimento estão muito abaixo do que os da última década. Já o número de patentes depositadas avançou timidamente.

Em termos socioeconômicos, o GII traz bons resultados. O que mais me alegrou foi a constatação de que a pobreza extrema no mundo segue caindo. Em 2024, eram 817 milhões de pessoas nessa condição, menos da metade se comparado com 2004. Ainda é um número (muito) alto; contudo podemos comemorar tamanha redução em 20 anos.

Já a comparação do ranking dos países é preocupante: há o 2º retrocesso brasileiro no ranking. Estávamos em 49º lugar em 2023; caímos para 50º em 2024 e agora passamos a ocupar a 52ª posição, perdendo a liderança da América Latina para o Chile. Outros países economias semelhantes seguem evoluindo no ranking ano após ano, como Índia, Turquia, Vietnã, Indonésia, por exemplo. Um exemplo de onde vamos mal, dentre outros pontos, o GII destaca que o Brasil apresenta níveis mais baixos que os países de renda média no que se refere à cobertura de sinal 5G pela população (a Índia tem quase cobertura 20% mais ampla).

Como se viu nos últimos anos, o pior indicador brasileiro ainda é o quesito ‘Instituições’. Ocupamos a posição 107 dentre 132 países. O Chile, por exemplo, ocupa a posição 50 no ranking de em Instituições. Se comparados com demais países dentre os 60 mais bem colocados, apenas Brasil, México, Rússia e Turquia têm posição pior que 100 neste indicador. Ou seja, praticamente a metade do ranking está mais bem posicionado que o Brasil.

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A um ano do processo eleitoral, seria oportuno às candidaturas elaborar estratégias reais para endereçar este tema. O avanço neste ponto é fundamental para que o país possa inovar e competir em condições melhores no contexto internacional.

[2]

Mais adiante, em outro artigo, a avaliação dos outros dois relatórios nacionais mencionados seguirá. Nestes casos, teremos a abordagem do IBDI – Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento 2025 que traz o panorama nacional de inovação e o ranking das 150 empresas mais inovadoras do país, publicado há 11 anos pelo Valor Econômico, com a avaliação deste tema sob a perspectiva das empresas brasileiras. Até lá!

Em alta | setembo.25

Brasil. O Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica realizou evento para discussão de patentes essenciais e padrões tecnológicos, considerando desafios impostos pelo tema à dinâmica concorrencial. O evento incluiu especialistas do Cade e do MDIC, além de ter transmissão online e foi motivado por estudo “Contribuições do Cade: patentes essenciais”[3].
Brasil. CNI e INPI em parceria lançaram E-Book para esclarecer principais dúvidas sobre registro de marcas por MPMEs – micro, pequena e médias empresas brasileiras. A publicação é uma das entregas da Estratégia Nacional de PI para o Plano de Ação 2023-2025 e reforça a intenção em aumentar número de ativos de PI nacionais. A íntegra do documento pode ser acessada online[4].
Brasil. INPI abriu consulta pública sobre procedimentos técnicos para a obtenção de indicações geográficas. O prazo para envio de contribuições encerra em 17.10.2025. A proposta de alterações das atuais diretrizes visa simplificar os processos de avaliação pelo INPI, com a fusão de fase preliminar com a etapa de avaliação do mérito do pedido. Em 2025, o Brasil conta com 142 IGs registradas, em 25 estados do país[5].
Brasil. Publicado pela Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima) o estudo ‘PIB do Brasil em Números 2025’. Dentre os indicadores apresentados, o estudo conclui que o país alcançou R$ 116 bilhões de reais em royalties, o que representa crescimento constante do setor nos últimos anos. A grande parte deste valor está vinculada a apresentações musicais ao vivo, enquanto apenas 3% estão relacionadas à reprodução musical por plataformas digitais. Outro dado interessante é que 93% das 200 músicas mais ouvidas no país são brasileiras.

[1] O Relatório completo (em inglês)  está disponível através do link https://www.wipo.int/web-publications/global-innovation-index-2025/en/index.html

[2] Global Innovation Index 2025.

[3] Informações disponíveis em https://www.gov.br/cade/pt-br/assuntos/noticias/patentes-essenciais-e-padroes-tecnologicos-cade-debate-desafios-a-economia-e-inovacao-no-mercado-global

[4] Informações disponíveis em https://www.gov.br/inpi/pt-br/central-de-conteudo/noticias/lancado-e-book-sobre-registro-de-marcas-para-micro-pequenas-e-medias-empresas

[5] Informações disponíveis em https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-geograficas/consultas-publicas

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