Os partidos Progressistas (PP) e União Brasil anunciaram nesta quarta-feira (8/10) o afastamento de dois ministros do governo Lula por desobedecerem à orientação das siglas para deixar seus cargos. O PP afastou o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), enquanto o União Brasil suspendeu o ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), das funções partidárias e iniciou um processo que pode levar a sua expulsão dos filiados.
As decisões reforçam o rompimento político das duas legendas com o governo Lula e evidenciam a disputa interna no Centrão, que tenta se reposicionar para as eleições de 2026. Em agosto, os dois partidos formaram uma federação e, no início de setembro, haviam aprovado uma resolução determinando que seus filiados deixassem cargos na administração federal até 19 de setembro, sob pena de punição por infidelidade partidária.
Progressistas afasta André Fufuca
O afastamento de André Fufuca foi comunicado pelo presidente do PP, Ciro Nogueira, em nota oficial. Segundo o texto, o ministro “desobedeceu à orientação da Executiva Nacional do partido e permaneceu no Ministério do Esporte”, motivo pelo qual está afastado de todas as decisões partidárias e da vice-presidência nacional da legenda.
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A direção nacional também determinou intervenção no diretório do Maranhão, retirando Fufuca do comando do partido no estado.
“O partido reitera o posicionamento de que não faz e não fará parte do atual governo, com o qual não nutre qualquer identificação ideológica ou programática”, afirmou o comunicado.
A crise se agravou após o ministro participar, na segunda-feira (6/10), de evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Maranhão, e declarar: “Eu estou com Lula”. O gesto contrariou o ultimato do partido, que havia determinado o desembarque completo da Esplanada.
Fufuca está à frente do Ministério do Esporte desde setembro de 2023, quando substituiu Ana Moser.
União Brasil afasta Celso Sabino e abre processo de expulsão
O União Brasil também anunciou o afastamento cautelar de Celso Sabino das atividades partidárias. A medida foi aprovada em reunião da Executiva Nacional e vale até a conclusão do processo de expulsão aberto em 30 de setembro, que o acusa de infidelidade partidária por descumprir a ordem para deixar o governo Lula.
Sabino também foi afastado das funções que exercia na direção do partido, incluindo as vagas que ocupava na Executiva e no Diretório Nacional. Apenas o próprio ministro votou contra o seu afastamento.
Em nota, o União informou que o Conselho de Ética terá até 60 dias para analisar o caso e que o diretório estadual do Pará, comandado por Sabino, será substituído por uma comissão provisória interventiva.
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“A Executiva também decidiu pela suspensão cautelar do ministro Celso Sabino de suas atividades partidárias (…). O União Brasil reafirma o compromisso com a transparência das suas decisões e o respeito à vontade dos seus filiados”, diz o comunicado.
Sabino está no Ministério do Turismo há mais de dois anos e foi confirmado por Lula em julho de 2023, no lugar de Daniela Carneiro. Ele chegou a anunciar que deixaria o cargo em setembro, mas permaneceu no posto e participou de eventos com Lula em Belém. Na ocasião, afirmou que continuaria apoiando o presidente, “independentemente do cenário político”.
Após a decisão da executiva, Sabino criticou publicamente o partido, afirmando que o União “tem tomado decisões equivocadas”.