A visita de Tarcísio de Freitas a Jair Bolsonaro foi uma sinalização importante de que o governador de São Paulo permanece firme em seu projeto de demonstrar lealdade ao ex-presidente e trabalhar pela construção de uma frente de centro-direita capaz de derrotar Lula em 2026, apesar das negativas de que será candidato ao Planalto no ano que vem.
A presença de dois dos quatro filhos de Bolsonaro simboliza que, se de um lado a família acolhe o governador e aprecia seus gestos, de outro, participará ativamente desse processo. O senador Flávio Bolsonaro e o vereador Jair Renan estiveram presentes ao lado do pai.
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O encontro também cumpre o objetivo de demonstrar publicamente algo que Tarcísio já deixou claro: não se furtará a trabalhar pelas agendas que interessam ao ex-presidente e defenderá seus interesses, mesmo que isso o indisponha com instituições, como o STF, por exemplo.
Por ora, a intenção do governador de São Paulo é minimizar a fúria dos grupos mais radicais ligados à família Bolsonaro e demonstrar que não é um problema para o ex-presidente, mas parte da solução na busca por uma reparação.
Segundo interlocutores dos participantes do encontro, nesta segunda-feira (29/9) em Brasília, Tarcísio defendeu a ideia de que o momento não é de antecipar candidaturas, mas de continuar lutando pela anistia e de conseguir uma unidade em torno de pautas e de projetos na centro-direita, não em torno de personagens ou lideranças.
A avaliação de Tarcísio coincide com a análise dos presidentes dos partidos de centro-direita no sentido de que, neste momento, ninguém pode ser impedido de construir uma pré-candidatura, desde que ela tenha como objetivo criar alternativas para tirar Lula do Planalto. Neste momento, os governadores Ratinho Jr. (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) são pré-candidatos declarados a presidente.
O governador de São Paulo avaliou ser preciso acabar com o “fogo amigo” na direita porque ele só tem ajudado na recuperação da popularidade de Lula. Esse ponto foi entendido como um recado a Eduardo Bolsonaro, que fez críticas ao próprio Tarcísio e a outros pré-candidatos do mesmo campo.
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O ex-presidente concordou que a divisão do campo não favorece o projeto da anistia nem ajuda na construção de uma “frente” para enfrentar Lula em 2026. Tanto Bolsonaro quanto Tarcísio avaliam que a direita pode seguir com mais de uma candidatura no primeiro turno, desde que essa divisão tenha um único foco: fazer oposição ferrenha ao atual governo, sem se perder em ataques mútuos. No segundo turno, os candidatos de direita que ficarem fora se comprometem a apoiar o que estiver na fase decisiva.
Tarcísio disse que o candidato não precisa ser ele, que, neste momento, está mais empenhado em fazer um bom trabalho em São Paulo para fortalecer o projeto nacional da centro-direita. No entanto, afirmou que, se for o escolhido por Bolsonaro e tiver um amplo apoio, poderá aceitar a missão, mas que essa decisão só será tomada no ano que vem.