Em meio a uma série de reveses de Jair Bolsonaro (PL) e do bolsonarismo nas últimas semanas, sinalizações do ex-presidente a interlocutores em conversas recentes indicam um aumento nas chances de ele apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para a disputa ao Planalto. Fontes ouvidas pelo JOTA, porém, negam que isso esteja sacramentado e só aguardando um momento de anúncio formal, como chegou a noticiar um veículo de imprensa.
Após a notícia, o senador Flávio Bolsonaro fez uma postagem em rede social negando a informação, mas seu texto tece elogios efusivos a Tarcísio, que reforçam a percepção de que Bolsonaro estaria mais propenso à ideia.
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No campo bolsonarista, interlocutores ouvidos pelo JOTA demonstraram irritação com os movimentos de parte de representantes do Centrão, avaliando que, aproveitando-se de Bolsonaro estar sem liberdade, tentaram na imprensa criar um fato consumado após encontros com o ex-presidente. E deixam claro que rejeitam porta-vozes fora do segmento, destacando o papel do “filho 03”, o deputado Eduardo Bolsonaro, como a principal voz a ser ouvida.
Uma fonte ligada à família avalia que Bolsonaro está “dando sinais trocados”, em uma tática de “confundir para esclarecer”. Isso porque o vazamento da notícia de apoio a Tarcísio ocorreu no mesmo dia em que a ex-primeira-dama Michelle sinalizou a possibilidade de concorrer à Presidência. Há semanas, pessoas ligadas a Bolsonaro relatam que o ex-presidente sinaliza um caminho para a sua sucessão, a depender do interlocutor.
Mesmo assim, parte do grupo percebe um Bolsonaro pensando mais carinhosamente na hipótese Tarcísio, ainda que aparentemente esteja condicionando isso a estar em liberdade para subir no palanque.
Uma fonte graduada do Centrão também negou ao JOTA a existência da decisão sobre Tarcísio, que na próxima semana voltará a se encontrar com o ex-presidente, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Boa parte do entorno do governador avalia que os caminhos que levam até o Planalto não só permanecem abertos, após a demonstração de apoio incondicional a Bolsonaro no momento mais difícil da carreira política do ex-presidente, como de fato ficaram mais favoráveis ao ex-ministro da Infraestrutura do governo passado ser o representante da direita nas urnas em 2026.
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Fontes apontam que Tarcísio, apesar de todo o desgaste que esse gesto gerou, foi até Brasília articular a anistia e fez críticas públicas ao Supremo e ao ministro Alexandre de Moraes. Se não prosperaram até agora as propostas de diminuir as penas dos condenados, a responsabilidade não pode ser atribuída ao governador, que cumpriu o seu papel. Além disso, ele manteve distância da PEC da Blindagem, que provocou grande reação da sociedade civil, incluindo setores de centro.
O governador tem agora buscado mais discrição no tema da disputa ao Planalto e enfatizado seu interesse em buscar a reeleição em São Paulo, onde concentrou mais suas agendas, mirando reforçar o discurso e a imagem de gestor.
Ele também elogiou a possibilidade de entendimento entre Lula e Trump, em um esforço de tentar mostrar que sua preocupação com o país estaria acima de divergências políticas. Esses movimentos mais recentes miram recuperar parte de sua imagem de “moderado” e “democrata”, após o desgaste de ter encampado a agenda bolsonarista com a crítica ao Judiciário e do esforço do Planalto de tentar colocar nele a pecha de “radical” bolsonarista.