Brasil se prepara para ser primeiro a fazer aporte em TFFF

O anúncio pode ser feito já em Nova York, onde o presidente Lula desembarcou no domingo (21/9) para participar da Assembleia Geral da ONU e da Climate Week. O valor ainda não está definido.

Segundo fontes ouvidas pelo JOTA, a ideia é liderar pelo exemplo e criar o desafio para que outros países interessados façam o mesmo. Considerado grande trunfo deste governo a ser apresentado na COP30 como instrumento de mercado para o financiamento climático, o TFFF (Tropical Forest Forever Facility) deve entrar em operação em 2026. Mas o pagamento para florestas será ainda mais para frente, ficando para o próximo governo.

Pelas expectativas mais otimistas, pode render somente ao Brasil, um de seus beneficiários, algo entre US$ 1 e US$ 1,3 bilhão ao ano. Isso mantidas certas condições, em um cenário sobretudo de desmatamento muito baixo. O grande atrativo do fundo é, nos moldes em que está sendo desenvolvido, o fato de que será investimento seguro, com garantia de Estado, a oferecer remuneração de mercado AAA.

Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresas

Para funcionar como esperado, o fundo precisa de escala. A ideia é partir de US$ 25 bilhões de capital soberano para alavancar outros US$ 100 bilhões da iniciativa privada. Mas não é necessário que já comece neste patamar. Espera-se que a capitalização aconteça ao longo de quatro anos.

A maior dificuldade para a criação do TFFF é justamente este pontapé financeiro inicial, uma vez que o governo brasileiro tem recebido forte demanda de instituições financeiras interessadas em investir no TFFF.

O fundo terá duas peças jurídicas separadas. O TFFF propriamente e o TFIF (Tropical Forest Investment Forever). O primeiro, que ficará no Banco Mundial e deve ser criado na reunião de diretoria do organismo no próximo dia 21 de outubro, será o responsável pelas informações dos países com cobertura de florestas e pelo pagamento dos recursos que lhe cabem após o pagamento dos lucros dos investidores.

A parte dos investimentos ficará a cargo do TFIF, entidade que terá jurisdição em outro país a ser definido até o primeiro trimestre de 2026. Há duas opções de modelo em análise que estão sendo avaliadas por agências de risco. A decisão final terá por base aspectos regulatórios e tributários. O fundo receberá capital soberano, emitirá bônus e vai gerir o portfólio.

O local e momento para o anúncio não poderiam ser melhores. Além de um dos principais hubs financeiros do mundo, NY será palco da Assembleia Geral da ONU e da Climate Week. Todos os holofotes deverão estar no embate político entre Lula, que fará o discurso de abertura da reunião, e Donald Trump, em seguida.

É quase certo que os dois não terão agenda bilateral, mas certamente vão se cruzar, ainda que nos corredores da ONU. Trump anunciou a retirada dos EUA novamente do acordo de Paris e tem tomado medidas visivelmente contrárias ao que tem sido discutido no âmbito internacional no enfrentamento do combate à mudança do clima.

Ainda, o TFFF surge em um momento em que investidores têm buscado diversificar as suas carteiras e saído atrás de alternativas seguras até mesmo para bônus do tesouro americano e que se enquadrem em todas as demandas de ESG e compliance. Simbolicamente, ainda há o fato de ser o primeiro instrumento de financiamento de peso criado pelo chamado Sul global. Todos os outros vêm do Norte.

O aporte de recursos pelo Brasil era uma demanda dos outros países interessados.

Generated by Feedzy