Brasil diz que recurso do governo Trump à Magnitisky é ofensa a 201 anos de amizade

O governo brasileiro subiu o tom ao reagir ao novo anúncio de sanções dos EUA a indivíduos brasileiros, ao falar em “ofensa” e “profunda indignação a nova tentativa de ingerência indevida dos EUA em assuntos internos do país. Mas a resposta não deve ficar restrita a esta nota. Nos últimos dias, o texto do discurso que o presidente Lula fará na sessão de abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23/9) vinha sendo modulado para tratar de questões internacionais e da relação Brasil-EUA. Como mostrou o JOTA, seu teor será calibrado até o último momento, quase que em tempo real, para que permaneça atual.

A medida americana não chega a ser uma surpresa. Pelo contrário. Como também vem mostrando o JOTA, era esperada justamente durante o período em que o presidente Lula está em Nova York, onde tem extensa agenda nesta semana, para criar uma saia justa. Resta saber qual será o palavreado escolhido para o discurso de amanhã. No entorno do presidente já se sabia que havia o risco de novas tensões na crise política entre os dois países. A ordem era “evitar se deixar cair em armadilhas” ou “errar na mão”.

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Nova York é teste para a condução da narrativa que está sendo considerada vitoriosa até aqui pelo governo brasileiro no embate político com os EUA.

Confira a íntegra da nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores:

“O governo brasileiro recebe, com profunda indignação, o anúncio, pelo governo norte-americano, da imposição da Lei Magnitsky à esposa do Ministro Alexandre de Moraes e a instituto ligado a ele. Em nova tentativa de ingerência indevida em assuntos internos brasileiros, o governo norte-americano tentou justificar com inverdades a adoção da medida, no comunicado divulgado na manhã de hoje.

O recurso do governo Trump à Lei Magnitsky, no caso do Brasil, uma democracia que se defendeu, com êxito, de uma tentativa de golpe de Estado, não apenas é uma ofensa aos 201 anos de amizade entre os dois países. Representa também a politização e o desvirtuamento na aplicação da lei, como já manifestado recentemente por um de seus co-autores, o deputado James McGovern.

Em carta dirigida em agosto último aos Secretários de Estado, Marco Rubio, e do Tesouro, Scott Bessent, McGovern definiu como “vergonhoso” o recurso à Lei Magnitsky, pela Administração Trump, com o objetivo de “minar os esforços do Poder Judiciário brasileiro para defender as instituições democráticas e o estado de direito”.

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