Por que o Brasil precisa fortalecer acesso à inovação em saúde ao longo da vida

Nos últimos anos, o Brasil tem dado passos significativos em várias áreas da saúde pública. A redução de 26% nos casos de malária no primeiro trimestre de 2025 é um exemplo disso. Esse marco, anunciado pelo Ministério da Saúde no Dia Internacional de Luta contra a Malária, em abril, celebrou não apenas o impacto de uma nova opção terapêutica já incorporada ao SUS, mas também indicou um caminho possível e necessário: fazer do acesso a tecnologias de saúde, como medicamentos e vacinas, uma prioridade contínua ao longo da vida.

No entanto, quando se trata da ampliação do acesso a soluções para adultos e idosos, o país ainda enfrenta importantes desafios. Embora o Brasil seja reconhecido por um Programa Nacional de Imunizações robusto na infância, milhões de pessoas acima dos 18 anos seguem desprotegidas contra doenças imunopreveníveis, mesmo com a disponibilidade de imunizantes seguros e eficazes.

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Esse é apenas um dos reflexos de um sistema que ainda prioriza a incorporação de tecnologias para fases iniciais da vida, quando o cuidado deveria acompanhar todas as etapas do envelhecimento.

A boa notícia é que mudanças já estão sendo discutidas. Além do progresso no combate à malária, o Ministério da Saúde está considerando incluir a vacina contra o herpes-zóster no SUS. Essas decisões mostram que, com base em evidências, é possível ampliar a proteção à saúde da população adulta e idosa. A pergunta é: como acelerar e sustentar esse processo?

A resposta passa por políticas públicas estruturadas, mas também por um ecossistema mais robusto de parcerias, inovação e transferência de tecnologia. Ampliar o acesso exige ir além da distribuição de insumos. É preciso fortalecer as cadeias produtivas, investir em soluções locais e garantir que a população, em todo o território nacional, seja alcançada pelas inovações mais recentes — especialmente aquelas que podem evitar hospitalizações, complicações e perdas de qualidade de vida.

Nesse contexto, a atuação conjunta entre governo e indústria tem se mostrado fundamental. Parcerias com instituições como Bio-Manguinhos, Butantan e Fiocruz já viabilizaram não apenas o fornecimento contínuo de vacinas e medicamentos ao SUS, mas também a nacionalização de tecnologias, a capacitação técnica de profissionais e o fortalecimento da autonomia produtiva do país. São iniciativas alinhadas à Missão 2 da Nova Indústria Brasil (NIB), que propõe uma agenda estratégica para a produção nacional de medicamentos, vacinas e biofármacos.

Essas estratégias são ainda mais importantes quando falamos de populações em situação de vulnerabilidade social. A malária, por exemplo, permanece concentrada em regiões de difícil acesso, afetando principalmente populações indígenas e ribeirinhas. Da mesma forma, a ausência de tecnologias específicas para adultos e idosos tende a impactar, com mais força, aqueles com menor poder aquisitivo ou que vivem longe dos grandes centros urbanos.

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Avançar na agenda de acesso significa, portanto, garantir que a inovação em saúde esteja disponível para todas as pessoas, em todas as fases da vida. Significa construir um sistema de saúde mais equitativo, capaz de responder não apenas às emergências, mas também de antecipar soluções com base em prevenção, planejamento e parceria.

O Brasil tem a estrutura, o conhecimento técnico e os parceiros certos para liderar esse movimento. O momento de fortalecer essa agenda é agora.

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