‘Ameaças não intimidarão a nossa democracia’, diz Itamaraty após post de Marco Rubio

Em uma reação à postagem do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, o Itamaraty publicou, na noite desta quinta-feira (11/9), uma breve mensagem nas redes sociais, na qual afirma que “o Poder Judiciário brasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados pela frustrada tentativa de golpe de estado, que tiveram amplo direito de defesa”. “As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo.”

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“Ameaças como a feita hoje por Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia. Continuaremos a defender a soberania do País de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem”, completou.

Após a condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de estado, Rubio afirmou no X (antigo Twitter) que “os Estados Unidos responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”. “As perseguições políticas por parte do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros da Suprema Corte do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro”, disse.

A expectativa no governo já era de escalada da crise política após julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Algo mais na linha de sanções aos ministros do STF do que em relação ao Executivo. Mas tudo é possível dada imprevisibilidade do lado de lá. Clima é de compasso de espera para entender até onde governo Trump pretende elevar a temperatura. “A verdade é que ninguém sabe o que virá”, disse ao JOTA um interlocutor da cúpula do governo.

Mais cedo nesta quinta-feira, questionado, o presidente Donald Trump descreveu como “muito surpreendente” a condenação de Bolsonaro. “Eu achava que ele foi um bom presidente do Brasil, e é muito surpreendente que isso possa acontecer. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum”, disse a jornalistas, nesta quinta, ao sair da Casa Branca.

“Caça às bruxas”

O governo norte-americano tem tratado o julgamento de Bolsonaro como uma “caça às bruxas”. O mesmo termo foi usado em 9 de julho pelo presidente Donald Trump para justificar a imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Antes mesmo de o julgamento iniciar, o governo americano afirmou que o acompanharia de perto e que não descartava novas sanções e retaliações. Na terça-feira (9/9), quando os ministros começaram a votar, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou, ao responder uma pergunta sobre medidas retaliatórias adicionais ao Brasil e países da Europa, que Trump “não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”.

Ao anunciar a imposição de tarifas em 9 de julho, o governo norte-americano afirmou que há “perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais movidos pelo Governo do Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores”, e citou o ministro Alexandre de Moraes como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de opositores políticos”.

Em 30 de julho, o governo de Trump anunciou a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes. A norma, de 2016, permite sanções unilaterais dos EUA contra estrangeiros acusados de violações de direitos humanos ou corrupção. Com isso, Moraes teve bens e interesses bloqueados sob jurisdição americana, medida que pode afetar operações em bancos e serviços internacionais.

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