Quando falamos sobre a estrutura hospitalar no estado de São Paulo, é comum que os grandes centros urbanos ganhem destaque, com seus hospitais universitários, complexos tecnológicos e alta especialização. No entanto, a maior força hospitalar do estado não está concentrada na capital, nem nas instituições privadas com fins lucrativos. Ela está nos hospitais filantrópicos, verdadeiros pilares da saúde pública em centenas de municípios paulistas.
Hoje, esses hospitais estão presentes em 405 municípios, um número expressivo que revela um dado ainda mais significativo: em muitos desses locais, o hospital filantrópico representa o único ponto de assistência hospitalar direta à população. Em outras palavras, onde há uma instituição filantrópica, há cuidado, acolhimento e resposta concreta às necessidades locais. Cada uma dessas entidades representa não apenas um espaço de atendimento, mas a personificação do compromisso com a vida e com a saúde coletiva.
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É importante lembrar que, embora a atuação seja predominantemente associada ao Sistema Único de Saúde (SUS), os hospitais filantrópicos não são públicos, mas cumprem com responsabilidade uma função pública essencial. Eles atendem a mais da metade da demanda do SUS e realizam esse trabalho com enorme esforço de gestão, recursos limitados e, muitas vezes, com grande dependência de emendas parlamentares, convênios e apoio da própria população.
Nesse cenário, as Santas Casas de Misericórdia merecem uma menção especial. Com raízes históricas profundas, elas foram, para muitos municípios, os primeiros hospitais. E continuam sendo, ainda hoje, o principal ponto de referência assistencial, especialmente em áreas remotas ou de menor densidade populacional. Mesmo enfrentando desafios financeiros crônicos, as Santas Casas seguem sendo símbolo de acolhimento, solidariedade e compromisso com a saúde dos que mais precisam.
E por que estamos destacando o papel e a atuação dessas intuições? Porque neste 15 de agosto, Dia Nacional das Santas Casas de Misericórdia, é fundamental reconhecer e valorizar o papel desses hospitais que, há séculos, sustentam o cuidado a grupos que enfrentam maiores barreiras de acesso. Mais do que uma data comemorativa, é um chamado à ação em defesa da sobrevivência e fortalecimento do setor filantrópico.
A atuação dos hospitais filantrópicos vai além da prestação de serviços médicos. Eles geram emprego, qualificam profissionais e são agentes ativos no fortalecimento do sistema de saúde como um todo. Por isso, a sustentabilidade do setor precisa ser tratada como pauta prioritária por todos os entes, governos, parlamentares, sociedade civil e a própria iniciativa privada. A sobrevivência dessas instituições está diretamente ligada à capacidade do estado de garantir acesso à saúde com equidade, especialmente fora dos grandes centros.
A AHOSP tem como missão justamente fortalecer essa rede, promover a articulação entre as entidades, dar voz às suas necessidades e garantir que o papel estratégico dos hospitais filantrópicos seja reconhecido em todas as esferas de decisão. Acreditamos que só é possível falar em sistema de saúde justo e eficaz se olharmos com atenção para quem carrega nas costas a maior parte do cuidado básico e hospitalar em nosso estado.
Cuidar da sustentabilidade dos hospitais filantrópicos é cuidar do futuro da saúde pública em São Paulo. É valorizar quem, dia após dia, com coragem e compromisso, transforma limitações em soluções e mantém viva a essência do que significa cuidar do outro.