Em meio aos desafios impostos pelas mudanças climáticas e à urgência de um desenvolvimento econômico mais sustentável, o Brasil se posiciona de forma estratégica como protagonista de um movimento transformador: a neoindustrialização verde e os projetos de adaptação das cidades. Duas frentes importantes para a construção de um futuro próspero e resiliente, que convocam a união de esforços de diversos atores da sociedade.
A neoindustrialização verde transcende um mero conceito, agindo como a bússola para a transição do Brasil rumo a uma economia de baixo carbono, impulsionando o crescimento econômico com maior participação da indústria. Em 2024, o setor já representava 24,7% do PIB e empregava 11,5 milhões de trabalhadores formais (21% do total), destacando sua relevância.
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Não se trata apenas de modernizar parques fabris, mas de repensar a lógica da produção, integrando tecnologias limpas, processos eficientes e a valorização dos recursos humanos. Este movimento é vital para que o Brasil se posicione como um protagonista global na agenda da sustentabilidade, criando produtos e serviços com alto valor agregado e baixa pegada de carbono.
Nos últimos dez anos, o Brasil testemunhou uma expansão das energias eólica e solar, que se tornaram componentes cruciais da sua matriz energética. Essa transformação é particularmente evidente no Nordeste, uma região que antes enfrentava déficits de eletricidade e hoje se consolidou como grande gerador de energia solar e eólica do país.
A capacidade instalada na região saltou de aproximadamente 20.000 gigawatts em 2013 para mais de 50.000 gigawatts em 2023. Esse avanço foi possível impulsionado por investimento dos bancos públicos, que destinaram ao menos R$ 146 bilhões a projetos de transição energética em todo o Brasil entre 2014 e 2024.
Paralelamente, a adaptação das cidades às mudanças climáticas emerge como um pilar fundamental do futuro. É nas áreas urbanas que grande parte da população vive e sente os impactos diretos de eventos extremos. O ano de 2024 registrou 58 desastres climáticos, evidenciando a urgência da adaptação diante das mudanças do clima.
Apesar disso, o financiamento para adaptação é insuficiente, com um déficit anual que pode superar R$ 1,5 trilhão. Contudo, investir em adaptação é altamente rentável, gerando mais de US$ 10,50 em benefícios para cada dólar investido, abrangendo ganhos econômicos, ambientais e sociais. A melhoria da qualidade de vida nas cidades, com planejamento urbano integrado, mobilidade de baixo carbono e mais áreas verdes, é essencial para mitigar os impactos e construir resiliência.
Um planejamento urbano inteligente e inclusivo se faz urgente, garantindo não apenas a resiliência frente a eventos climáticos, mas também melhorando os acessos da população. Cidades mais verdes, com infraestrutura adaptada e mobilidade eficiente são ambientes propícios ao bem-estar, à saúde e ao desenvolvimento social-econômico.
No Brasil, o Sistema Nacional de Fomento (SNF), atuante em todas as regiões, é crucial para direcionar recursos a setores econômicos estratégicos, de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. As instituições financeiras estão reorientando investimentos para uma transição econômica mais sustentável e inclusiva, cientes da necessidade de um esforço conjunto. Em 2024, o SNF foi responsável por 98% das operações de crédito municipais, demonstrando seu papel fundamental no financiamento das cidades brasileiras.
A Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) tem papel central nesse processo. Um levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços mostra que, juntos, os bancos federais e a Finep – todos associados à ABDE – destinaram R$ 472,7 bilhões em recursos para projetos relacionados à Nova Indústria Brasil (NIB), entre 2023 e o primeiro trimestre de 2025.
O valor dos projetos voltados para a missão de descarbonização e bioeconomia da NIB chegou a R$ 43,97 bilhões, representando 9,3% dos recursos mapeados. O BNDES foi líder no valor de desembolsos entre os agentes financeiros considerados, com cerca de R$ 200 bilhões entre todos os eixos do Plano Mais Produção, plano que agrega soluções para viabilizar o financiamento da NIB.
Com esse propósito, a ABDE, realizará o 10º Fórum do Desenvolvimento, com espaço para o diálogo entre setor público, setor privado e sociedade civil. Em 2025, o Fórum dará continuidade à iniciativa “Caminhos para a COP”. O futuro começa agora. Ele será construído com diálogo, estratégia e ação coletiva, todos fundamentais para moldar um Brasil mais próspero, verde e justo para as próximas gerações.