General Teophilo diz que Bolsonaro se queixou do processo eleitoral em reunião no Alvorada

O general Estevam Cals Theophilo de Oliveira, ex-comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), informou em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (28/7), que a reunião em que esteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada não teve qualquer intuito golpista. O objetivo era acalmar o ex-presidente que estava inconformado com o resultado das eleições, deprimido e doente com erisipela. Ainda, no encontro, Bolsonaro teria feito uma análise sobre a própria postura como presidente que o teria levado à derrota.

“Foi realmente um desabafo, queixa sobre o processo eleitoral, etc. E foi praticamente um monólogo ele desabafando efetivamente e eu ouvindo, só estávamos ele e eu na sala”, disse o general. “Eu ouvi tudo ele falando. No final, eu disse: ‘presidente, infelizmente agora acabou, perdeu a eleição, é tocar para frente. Era a ideia acalmar, ouvi-lo para poder ele desabafar. E acalmá-lo”, repetiu o militar.

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De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o general Theophilo teria participado de uma reunião no dia 9 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada com o ex-presidente Jair Bolsonaro após o comandante do Exército Freire Gomes rejeitar a ideia de ruptura institucional.

“Uma das estratégias adotadas por Jair Bolsonaro e seus subordinados, na manhã do dia 9.12.2022, para contornar a oposição do General Freire Gomes ao Golpe de Estado, foi procurar apoio junto a outros integrantes do Alto Comando do Exército”, diz trecho da denúncia. Segundo a PGR, a reunião não teria o consenso de Freire de Gomes, e o apoio de Theophilo de Oliveira poderia consolidar “a possibilidade de consumação do golpe de Estado”.

Contudo, o general Theophilo refutou a denúncia da PGR. Segundo ele, o general Freire Gomes sabia da reunião entre ele e Bolsonaro e o designou para tranquilizar o presidente. Além disso, o militar disse que não sabia de minuta golpista, nem intuito de ruptura institucional. Inclusive, o Coter não teria competência para consumar qualquer tentativa de golpe.

“É algo completamente inexequível. Eu não tinha poder, não tinha autoridade, não tinha tropa, isso comprovado já na defesa. E também porque eu jamais faria isso pela lealdade, pela disciplina que eu sempre tive ao longo de toda a minha carreira”, disse o militar.

O militar disse que não sabia da minuta golpista e só soube dos “considerandos” apresentados ao ex-comandantes das Forças Armadas depois da investigação e denúncia sobre a trama golpista. Ele afirmou que o próprio colaborador Mauro Cid disse em depoimento sobre a sua conduta contrária a qualquer ideia de golpe. “Ele disse que eu jamais romperia o ciclo de legalidade, que eu jamais passaria por cima do comandante do Exército ou do alto comando do Exército e inclusive que, se destituíssem o comandante, eu não assumiria o comando do EB [Exército Brasileiro].”

O interrogatório do núcleo 3 militar ocorre no âmbito da ação penal 2696.

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