STF: Kid preto admite autoria do plano para matar Lula e Moraes

O general Mário Fernandes confirmou nesta quinta-feira (24/7), durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), a autoria do documento denominado Punhal Verde e Amarelo, que previa a morte de autoridades como o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes. Contudo, segundo ele, o arquivo não foi apresentado a ninguém e se tratava de um “pensamento digitalizado”. Fernandes é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de integrar o grupo Kids Pretos, que previa ações golpistas.

O militar foi secretário executivo da Presidência durante o governo de Bolsonaro e disse que imprimiu as cópias do plano Punhal Verde e Amarelo para ler depois e que não compartilhou com ninguém, na sequência, ele rasgou. A impressão foi feita no Palácio do Planalto e, minutos depois, o militar foi ao Palácio da Alvorada. Entretanto, ele disse que não compartilhou o documento com ninguém e que foi uma coincidência de agendas. Ainda, disse que não é incomum que servidores públicos imprimam documentos pessoais no ambiente de trabalho.

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O general caracterizou o Plano Punhal Verde e Amarelo como “um compilar de dados, um estudo de situação meu, de pensamento, certo? Uma análise de riscos que eu fiz e por curso e próprio eu resolvi inadvertidamente digitalizá-lo”. Ainda segundo o militar, o arquivo foi apresentado de forma descontextualizada.

Na sequência, o juiz auxiliar Rafael Henrique Tamai, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que conduzia o interrogatório, perguntou se o militar gostaria de contextualizar, visto que o plano continha, de forma detalhada, a operação de sequestro e homicídio contra autoridades públicas. “Inclusive citando a necessidade de que os recursos necessários, sejam humanos, sejam materiais, como, por exemplo, pistolas, fuzis, metralhadoras, lança-granadas, lançador de foguete anti-tanque”, complementou o magistrado.

Fernandes então respondeu: “Hoje eu me arrependo que tenha digitalizado isso. Mas o que é o mais importante: não passa de um compilamento de dados, com a visão de um militar, uma análise de situação. Apenas isso, que não foi compartilhado ou apresentado a ninguém. Quando eu me referi a aspectos descontextualizados da realidade, eu me referi à ligação deste arquivo com outros aspectos encontrados na denúncia”.

Churrasco e minuta

O militar também disse que o termo “churrasco” se referiu realmente à refeição, e não a um golpe de estado, e que havia uma preocupação sobre a entrada de uma tenda no acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O termo churrasco aparece nos diálogos das investigações entre ele e o militar Rodrigo Yassuo Faria Ikezili, líder do acampamento.

“Ele [Rodrigo] citou o churrasco e era realmente um churrasco. O Rodrigo é o jeito dele, pô. Ele não se contentava muito, ‘mas como é que a gente vai fazer um churrasco sem tomar uma cerveja, sem ter uma bebida’”, disse.

Quando perguntado sobre a minuta golpista, Fernandes respondeu: “As conversas no Planalto eram de que existia um decreto, com considerandos, para equalização dos poderes”. Mário Fernandes disse que quando soube do documento, ele conversou com o general Ramos: “Se existe o movimento, se ele já foi analisado, e se ele está em cima da Constituição Federal, por que não nós não reforçarmos isso? E foi o que eu citei ao general Ramos”.

Diante da fala, o juiz o perguntou: “Não entendi essa a expressão do senhor ‘acima da Constituição Federal’? Como assim?”. E o militar se corrigiu: “Não, acima não. Acima não. Se eu falei acima, perdoe, permita- me corrigir, dentro da Constituição Federal, certo?”.

Mário Fernandes está preso desde novembro de 2024 e é réu na Ação Penal 2693.

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