O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão de Jair Bolsonaro, Silvinei Vasques, negou, no Supremo Tribunal Federal (STF), qualquer orientação de policiamento direcionado durante o 2º turno das eleições de 2022. Vasques disse que nunca deu ordem para fazer blitzes em locais apontados como os de maior votação ao então candidato Luiz Inácio Lula, em especial, no Nordeste brasileiro. Ele foi o último réu do núcleo 2, do gerenciamento de ações para a trama golpista, a ser interrogado nesta quinta-feira (24/7).
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No interrogatório, Vasques calculou que 13 ônibus foram recolhidos no dia 30 de outubro de 2022. Desses, 6 estavam no Nordeste e foram recolhidos por problema mecânico ou porque não tinham como circular. “Se libera, dá acidente na frente”, justificou. Segundo Vasques, em todos os casos foram chamados outros ônibus para levar os passageiros e não há registros de eleitores que ficaram sem votar.
De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), a PRF, sob o comando de Silvinei Vasques, foi instrumentalizada para ajudar na ruptura institucional. A PGR diz que o intuito golpista ficou evidente pela análise do Ofício 83/2023/DG, emitido por Vasques, que indicava a elaboração de um único plano de trabalho para as eleições, abrangendo as operações do 1º e do 2º turno.
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Contudo, em 26 de outubro de 2022, um novo plano de trabalho, intitulado “2º Turno”, foi elaborado pelos denunciados. O novo plano incluía deliberações adicionais da direção da PRF e a fiscalização do transporte de passageiros, que não constavam do planejamento inicial.
Segundo a denúncia, a PRF teria se baseado em um relatório de Business Intelligence (BI) do Ministério da Justiça (MJ) que mostrava quais cidades Lula tinha votação expressiva. Durante o interrogatório, a também ré, Marília Alencar, ex-subsecretária de inteligência, afirmou que o BI não tinha como objetivo ser usado pela PRF e que a corporação não precisava do estudo para saber onde parar.
A defesa pediu para que constasse em ata que Silvinei Vasques não estava em casa 22h porque está sendo interrogado no STF
Os interrogatórios ocorrem na Ação Penal 2693.