Ao completar quatro meses de funcionamento nesta segunda-feira (21/7), o novo crédito consignado do governo teve 32,3% dos seus empréstimos realizados para quem ganha entre 2 a 4 salários mínimos (de R$ 3.036 reais a R$ 6.072). Foram 975 mil trabalhadores beneficiados. Essa faixa de renda, tipicamente classe média, tomou R$ 5,2 bilhões em empréstimos, 29% da totalidade de recursos do Crédito do Trabalhador.
Os dados do Ministério do Trabalho informados ao JOTA também mostram que o novo consignado privado atingiu R$ 19,3 bilhões de empréstimos até a última quarta-feira, 16 de julho, às 17h.
A faixa com até dois salários mínimos de renda representou 28% do total de empréstimos. Foram 850 mil beneficiados. Essa faixa de renda, contudo, detém o menor valor acumulado em comparação às demais faixas analisadas no programa, com R$ 3,2 bilhões de recursos utilizados – 16,87% do total. Esse grupo também tem o menor valor por parcela, de R$ 196 reais – o valor médio geral das parcelas é de R$ 283,80 reais.
Informações direto ao ponto sobre o que realmente importa: assine gratuitamente a JOTA Principal, a nova newsletter do JOTA
O novo crédito consignado privado foi criado por meio da Medida Provisória 1292/2025 e teve início oficialmente em 21 de março de 2025. O programa faz parte de uma série de iniciativas do governo para estimular a economia diante de um horizonte de desaquecimento da atividade econômica em 2025 e retomar a aceleração em 2026, ano eleitoral.
Bancos públicos são parte da estratégia
O Banco do Brasil segue na dianteira no valor total de empréstimos por instituição financeira. A estatal mantém a concentração de um quarto do total dos empréstimos concedidos desde o início do programa, conforme reportagem do JOTA já havia sinalizado.
As instituições federais são parte da estratégia do governo para ampliar o crédito e estimular a competição no mercado. O analista-chefe do JOTA, Fabio Graner, antecipou que um maior uso de bancos públicos por parte do governo sempre esteve na mesa e a tendência é que isso se intensifique até o pleito de outubro de 2026.
A Caixa Econômica Federal, no entanto, segue com um ritmo bem abaixo do BB e mais em linha com os valores das instituições privadas. O banco tem um papel mais forte no crédito habitacional (segmento em que novas medidas para acelerar os empréstimos devem ser apresentadas em breve), então já era esperado que seu desempenho no consignado aos trabalhadores ficasse atrás do BB. Mesmo assim, a instituição também deve manter presença relevante no consignado privado.