Moraes repreende advogado de Filipe Martins durante oitiva

Durante a oitiva do informante Mauro Cid na segunda-feira (14/7), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou embates com advogados, sobretudo, com o advogado Jeffrey Chiquini, novo defensor do ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins. Logo no início da sessão, o advogado pediu para cancelar o depoimento do colaborador porque havia um recurso a ser julgado – um mandado de segurança impetrado pelo próprio advogado questionando os atos de Moraes no processo, que estariam prejudicando o direito de defesa.

Moraes negou. Quando o advogado insistiu, o ministro interveio novamente. “Enquanto eu falo, o senhor fica quieto”, disse o ministro. Ainda para o mesmo advogado, após questionar a divisão da denúncia feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Moraes disse: “Não é o senhor que vai ditar se a PGR deve denunciar seu cliente no núcleo 1, 2 ou 3. Se não, deveria ter feito concurso para a Procuradoria”.

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Das várias perguntas em que houve embate entre Moraes e Chiquini, a insistência do advogado em saber de Cid se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), esteve na mesma reunião que Filipe Martins no Palácio da Alvorada, em 2022, foi um dos pontos altos. Os dois deram entrada em horário similar no palácio.

Moraes disse que Tarcísio não está no processo e que o advogado estava trazendo insinuações. “Não estou insinuando nada, não ponha palavras na minha boca”, rebateu Chiquini. Ele ainda disse que a informação era relevante.

Enquanto participava da audiência, Chiquini publicava em uma rede social comentários sobre a sessão. Em um dos posts, o advogado escreveu que o delator negou que Filipe Martins viajou para os Estados Unidos com Bolsonaro em 30 de dezembro de 2022. Mas Cid disse que o ex-assessor não viajou no mesmo avião. Em um dos embates, Moraes lembrou que o STF não era espaço para “like” em rede social.

Chiquini perguntou para Cid: “O senhor queria golpe?”. Moraes cortou. “Pergunta impertinente”. Na sequência, o advogado persiste: “Houve planejamento de golpe?”. Moraes interrompeu: “Não cabe ao réu”.

Ao tratar de reunião, ocorrida em 19 de novembro, Cid, já questionado diversas vezes sobre o evento e a lista, riu. O advogado ficou irritado com a postura do colaborador. Em voz alta disse: “O senhor está rindo de quê? O senhor não pode rir da minha pergunta”. Diante da alteração na voz do defensor, Moraes frisou: “Comporte-se, doutor”.

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