A saúde é um direito garantido pela Constituição a mais de 212 milhões de brasileiros. Esse princípio prevê não apenas atendimento, mas também a redução das desigualdades — inclusive no acesso a tratamentos de qualidade. Nesse cenário, a saúde suplementar exerce um papel essencial ao complementar o sistema público, ampliando a disponibilidade de serviços, terapias e medicamentos, especialmente para doenças de alta complexidade, crônicas e oncológicas.
Atualmente, mais de 51 milhões de brasileiros, cerca de 25% da população, contam com planos de saúde, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A inclusão de novos medicamentos nesse ecossistema não é apenas um avanço terapêutico, mas uma necessidade social. Ela garante aos pacientes acesso às melhores alternativas disponíveis, contribui para reduzir a judicialização e alivia a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Um exemplo claro de como a falta de acesso a tratamentos adequados impacta tanto os pacientes quanto o sistema é a enxaqueca. Embora seja uma das doenças neurológicas mais incapacitantes, especialmente entre adultos de 20 a 59 anos, ainda é subdiagnosticada e tratada de maneira ineficiente.
O estudo “Evidência do Mundo Real sobre Enxaqueca no Brasil – Uma visão geral da jornada do paciente no sistema de saúde suplementar”, apresentado recentemente no ISPOR 2025, encomendado pela Teva Brasil, mostra que o custo de pacientes com enxaqueca para a saúde suplementar é 30% maior do que o de indivíduos sem a doença — o que pode ser reflexo direto da falta de acesso a tratamentos. Pior: pacientes levam, em média, 17 anos entre os primeiros sintomas e o acesso a um serviço especializado em tratamento da enxaqueca, segundo estudo publicado no The Journal of Headache and Pain.
O impacto não é apenas individual. De acordo com o instituto WifOR GmbH, o Brasil perdeu, em 2022, o equivalente a 1,6% do PIB, cerca de R$ 168 bilhões, em produtividade e custos associados à enxaqueca.
Esse cenário nos obriga a refletir: mais do que tratar crises em pronto-atendimento, o sistema de saúde, público e privado, precisa promover cuidado integral. Isso significa garantir prevenção, diagnóstico, acompanhamento e acesso às terapias mais modernas e eficazes. No caso da enxaqueca, terapias inovadoras podem transformar a vida dos pacientes, permitindo controle dos sintomas e recuperação da qualidade de vida.
Para que isso aconteça, o engajamento precisa ser coletivo. Médicos, pacientes, ONGs, sociedade civil e indústria têm um papel central. Aos profissionais de saúde cabe informar, educar e orientar sobre as opções terapêuticas. À sociedade cabe acompanhar os processos de incorporação de tecnologias, seja no SUS, seja na saúde suplementar, e participar ativamente de consultas públicas que definem o acesso ao que há de mais avançado na medicina.
Somente com participação, transparência e agilidade nos processos regulatórios poderemos construir um sistema de saúde mais justo, eficiente e alinhado às necessidades da população. E esse é um compromisso que deve ser de todos nós.