No STF, Torres diz brincar que minuta do golpe encontrada em sua casa é ‘minuta do Google’

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou ao ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), que brinca que a minuta do golpe encontrada em sua residência era uma “minuta de Google”. Segundo Torres, o documento tinha erros de português e de concordância e vinha com nomes errados dos órgãos públicos. “Não é da minha lavra. Nunca discuti esse tipo de assunto”, disse no tribunal.

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Torres também contou ao STF que o governo federal sabia que não existia fraude nas urnas eletrônicas. “Eu sempre passei isso, que tecnicamente nós não tínhamos nada a passar ao presidente [Bolsonaro] sobre urnas eletrônicas”.

Sobre o desaparecimento do seu celular em janeiro de 2023, Torres disse que perdeu o telefone nos Estados Unidos enquanto estava viajando com a família porque perdeu o equilíbrio quando soube da determinação para prendê-lo e das invasões da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. “Foi o momento mais duro da minha vida”, disse. O ex-ministro disse que estava com 3 crianças pequenas nos Estados Unidos para uma viagem em família para a Disney. “Era a realização de um sonho das crianças e virou pesadelo para mim, perdi o celular e uns dólares”, contou.

Segundo Anderson Torres, que havia deixado o ministério da Justiça e estava no cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, ele viajou tranquilo em janeiro de 2023 porque tinha deixado um Protocolo de Ações Integradas (PAI) pronto para eventuais conturbações sociais. O ex-secretário leu trechos do protocolo que previa fechamento da Esplanada dos Ministérios, isolamento da Praça dos Três Poderes e proibição de acesso a praça com canos de metal e outras possíveis armas. “Eu viajei de certa forma tranquilo”.

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Torres contou da reunião que teve com o general Gustavo Dutra, comandante militar do Planalto, e ele teria mostrado fotos do acampamento no dia 6 de janeiro, esvaziado, e com muitos moradores de rua. Na ocasião, o militar fez comparação com a lotação de dois meses anteriores.

Na avaliação do ex-secretário de segurança pública, ele viajou “adotando todas as providências” e houve “falha grave no cumprimento do protocolo”. Reforçou também que a secretaria não ficou sem comando com a saída dele, pois o sub, Fernando de Sousa Oliveira, assumiu o cargo. “Se o PAI tivesse sido cumprido à risca, o 8 de janeiro não teria acontecido em Brasília”.

Em relação à reunião ministerial de julho de 2022, Anderson Torres disse que se excedeu. Na ocasião, os ministros foram pressionados por Bolsonaro a insistirem na narrativa de fraude eleitoral, antes mesmo das eleições. Segundo a denúncia da PGR, as palavras do ex-presidente foram reiteradas por Torres “que tampouco hesitou em se valer da ênfase do baixo calão”.

O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, destacou os seguintes trechos de Anderson Torres na reunião: “E o exemplo da Bolívia é o grande exemplo pra todos nós. Senhores, todos vão se foder! Eu quero deixar bem claro isso. Porque se… eu não tô dizendo que… eu quero que cada um pense no que pode fazer previamente porque todos vão se foder”.

Torres disse que não concordou com os diálogos por mensagens interceptados pela Polícia Federal e mantidos no grupo “EM OFF” em que Marília Alencar, diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, disse que “o 01 falou bem na reunião” e que ele não estava” isento porra nenhuma” e “meteu logo um 22”. 

Anderson Torres foi o 4º réu interrogado no Supremo Tribunal Federal.

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